quarta-feira, 9 de julho de 2025

POLÍCIA FEDERAL VÊ "PAPEL CENTRAL" DE JUNIOR MANO EM ESQUEMA DE FRAUDES ELEITORAIS E DESVIOS DE VERBAS

Por Gazeta do Brasil

Bruno Spada/Câmara dos Deputados

A Polícia Federal apontou que o deputado federal Júnior Mano (PSB-CE) teria desempenhado um “papel central” em um esquema de manipulação de pleitos eleitorais, que envolvia o desvio de recursos oriundos de emendas parlamentares. A informação consta em decisão da Justiça Eleitoral do Ceará, que encaminhou o caso ao Supremo Tribunal Federal (STF), em razão do foro privilegiado do parlamentar. A Operação Underhand, deflagrada nesta última terça-feira (8/7), cumpriu 15 mandados de busca e apreensão no gabinete do deputado na Câmara, além de seus endereços em Brasília e no Ceará. A ação contou com sete policiais federais e agentes da Polícia Legislativa e durou cerca de seis horas. Os agentes recolheram documentos e equipamentos durante as buscas. O deputado negou irregularidades.

De acordo com o juiz eleitoral Flavio Bastos Sousa, que acompanha o caso, o relatório recebido em dezembro de 2024 indicava que Júnior Mano exercia papel central na manipulação eleitoral por meio da compra de votos e do direcionamento de recursos desviados, provenientes de empresas ligadas ao grupo criminoso. Segundo o magistrado, há indícios do envolvimento direto do parlamentar no desvio de emendas para fortalecer sua base política. A investigação teve início a partir de denúncia de uma ex-prefeita de Canindé (CE), que, durante a campanha eleitoral do ano passado, relatou um esquema de compra de votos na cidade. Ela afirmou que o grupo liderado por Carlos Alberto Queiroz, conhecido como Bebeto do Choró que foi candidato à reeleição em Choró e está foragido atuava em conluio com o deputado Júnior Mano. Segundo a ex-prefeita, as campanhas adversárias eram financiadas por licitações fraudulentas e emendas parlamentares desviadas.

A ex-prefeita também relatou que o parlamentar concedia emendas a gestores municipais, cooptando-os e exigindo percentual do retorno dos recursos públicos, que eram desviados por meio de empresas de fachada e laranjas. Em setembro, a polícia apreendeu quase R$ 600 mil com um policial militar que confessou que os valores foram sacados para o esquema. Além das buscas, o STF determinou o bloqueio de R$ 54,6 milhões nas contas de investigados, incluindo pessoas físicas e jurídicas. O caso está sob a relatoria do ministro Gilmar Mendes e conta com apoio da Controladoria-Geral da União (CGU).

Em nota, a assessoria do deputado negou envolvimento em irregularidades, ressaltando que ele não exerce funções executivas ou administrativas em prefeituras e que não participa de processos licitatórios ou fiscalização de contratos. “O deputado reitera seu compromisso com a legalidade, a transparência e o exercício probo da função pública”, afirma o comunicado. Júnior Mano foi o segundo deputado mais votado do Ceará nas últimas eleições. A Operação Underhand é a continuidade das ações anteriores da PF, que identificaram a existência de um esquema estruturado e hierarquizado, liderado por Carlos Alberto Queiroz, com objetivo de influenciar ilegalmente processos eleitorais em municípios do Ceará. Fonte da Informação: Gazeta Brasil.