Por Gazeta do Brasil
Bruno Spada/Câmara dos Deputados
A
Polícia Federal apontou que o deputado federal Júnior Mano (PSB-CE) teria
desempenhado um “papel central” em um esquema de manipulação de pleitos
eleitorais, que envolvia o desvio de recursos oriundos de emendas
parlamentares. A informação consta em decisão da Justiça Eleitoral do Ceará,
que encaminhou o caso ao Supremo Tribunal Federal (STF), em razão do foro
privilegiado do parlamentar. A Operação Underhand, deflagrada nesta última terça-feira
(8/7), cumpriu 15 mandados de busca e apreensão no gabinete do deputado na
Câmara, além de seus endereços em Brasília e no Ceará. A ação contou com sete
policiais federais e agentes da Polícia Legislativa e durou cerca de seis
horas. Os agentes recolheram documentos e equipamentos durante as buscas. O
deputado negou irregularidades.
De
acordo com o juiz eleitoral Flavio Bastos Sousa, que acompanha o caso, o
relatório recebido em dezembro de 2024 indicava que Júnior Mano exercia papel
central na manipulação eleitoral por meio da compra de votos e do
direcionamento de recursos desviados, provenientes de empresas ligadas ao grupo
criminoso. Segundo o magistrado, há indícios do envolvimento direto do
parlamentar no desvio de emendas para fortalecer sua base política. A
investigação teve início a partir de denúncia de uma ex-prefeita de Canindé
(CE), que, durante a campanha eleitoral do ano passado, relatou um esquema de
compra de votos na cidade. Ela afirmou que o grupo liderado por Carlos Alberto
Queiroz, conhecido como Bebeto do Choró que foi candidato à reeleição em Choró
e está foragido atuava em conluio com o deputado Júnior Mano. Segundo a
ex-prefeita, as campanhas adversárias eram financiadas por licitações
fraudulentas e emendas parlamentares desviadas.
A
ex-prefeita também relatou que o parlamentar concedia emendas a gestores
municipais, cooptando-os e exigindo percentual do retorno dos recursos
públicos, que eram desviados por meio de empresas de fachada e laranjas. Em
setembro, a polícia apreendeu quase R$ 600 mil com um policial militar que
confessou que os valores foram sacados para o esquema. Além das buscas, o STF
determinou o bloqueio de R$ 54,6 milhões nas contas de investigados, incluindo
pessoas físicas e jurídicas. O caso está sob a relatoria do ministro Gilmar
Mendes e conta com apoio da Controladoria-Geral da União (CGU).
Em nota, a assessoria do deputado negou envolvimento em irregularidades, ressaltando que ele não exerce funções executivas ou administrativas em prefeituras e que não participa de processos licitatórios ou fiscalização de contratos. “O deputado reitera seu compromisso com a legalidade, a transparência e o exercício probo da função pública”, afirma o comunicado. Júnior Mano foi o segundo deputado mais votado do Ceará nas últimas eleições. A Operação Underhand é a continuidade das ações anteriores da PF, que identificaram a existência de um esquema estruturado e hierarquizado, liderado por Carlos Alberto Queiroz, com objetivo de influenciar ilegalmente processos eleitorais em municípios do Ceará. Fonte da Informação: Gazeta Brasil.