Por Gazeta Brasil
(Foto Pixabay)
Um suplemento diário de vitamina D conseguiu prevenir o equivalente a quase três anos de envelhecimento biológico em participantes de um ensaio clínico controlado. Os resultados, revelados em uma pesquisa publicada no The American Journal of Clinical Nutrition e divulgada pelo The Harvard Gazette, indicam que essa vitamina comum protege estruturas celulares chave relacionadas ao processo de envelhecimento. A investigação, liderada por pesquisadores de Harvard e Mass General Brigham, baseou-se em dados do ensaio VITAL (VITamin D and OmegA-3 TriaL), que acompanhou por cinco anos mulheres a partir de 55 anos e homens a partir de 50 anos nos Estados Unidos.
Os participantes receberam diariamente
suplementos de vitamina D3 (2.000 UI), ácidos graxos ômega-3 (1 grama) ou
placebo, em um desenho aleatório, duplo-cego e controlado por placebo. “VITAL é
o primeiro ensaio randomizado em larga escala e de longo prazo que mostra que
os suplementos de vitamina D protegem os telômeros e preservam seu
comprimento”, afirmou JoAnn Manson, pesquisadora principal do estudo VITAL e
chefe da Divisão de Medicina Preventiva do Brigham and Women’s Hospital,
afiliado a Harvard.
MECANISMO CIENTIFICO:
PROTEÇÃO DOS TELÔMEROS
Os
telômeros são sequências repetitivas de DNA que funcionam como “tampas
protetoras” nas extremidades dos cromossomos. Essas estruturas evitam que os
cromossomos se degradem ou se fundam, mantendo a estabilidade da informação
genética durante a divisão celular. Morten Schiebye-Knudsen, professor
associado do Departamento de Medicina Celular e Molecular da Universidade de
Copenhague, explicou à BBC Science Focus Magazine que os telômeros funcionam
“como as pontas plásticas dos cordões de sapatos: previnem que os cromossomos
se desfiapem ou se colem uns aos outros”. O encurtamento dos telômeros é um
processo natural do envelhecimento que ocorre a cada divisão celular. Quando os
telômeros se tornam muito curtos, as células perdem sua capacidade de divisão e
deixam de funcionar corretamente. Esse processo está associado a um maior risco
de diversas doenças relacionadas à idade.
RESULTADOS DO ENSAIO
CLÍNICO
O
subestudo de telômeros do VITAL incluiu 1.054 participantes, cuja longitude dos
telômeros em glóbulos brancos foi avaliada no início do estudo, no ano 2 e no
ano 4. Os pesquisadores compararam os efeitos da vitamina D3, dos ácidos graxos
ômega-3 e do placebo sobre essas estruturas celulares. Os resultados mostraram
que, em comparação com o placebo, os suplementos de vitamina D3 reduziram
significativamente o encurtamento dos telômeros ao longo de quatro anos. Esse
efeito protetor equivale a prevenir quase três anos de envelhecimento
biológico. Em contraste, a suplementação com ácidos graxos ômega-3 não teve
efeitos significativos sobre o comprimento dos telômeros durante o
acompanhamento. Segundo o The Harvard Gazette, essa descoberta é
particularmente relevante porque o ensaio VITAL já havia demonstrado
anteriormente os benefícios da vitamina D na redução da inflamação e na
diminuição do risco de doenças crônicas específicas do envelhecimento.
IMPLANTAÇÃO PARA A
SAÚDE E O ENVELHECIMENTO
O
encurtamento dos telômeros está ligado a múltiplas doenças relacionadas à
idade, incluindo câncer, doenças cardíacas e demência. Schiebye-Knudsen
descreveu as células com telômeros encurtados como “homens velhos zangados:
células que perderam sua função na vida, tornam-se inativas e pioram o ambiente
ao seu redor”. O encurtamento dos telômeros pode contribuir para mais células
velhas zangadas e, portanto, mais inflamação em nosso corpo, particularmente em
células que se dividem muito, como nossa medula óssea, pele e cabelo, explicou
o especialista à BBC Science Focus Magazine. A pesquisa representa um avanço
significativo no campo do envelhecimento saudável, já que estudos anteriores
sobre vitamina D e ômega-3 em relação aos telômeros eram de curta duração,
pequena escala e com resultados inconsistentes. O VITAL é o primeiro ensaio a
fornecer evidência robusta sobre a proteção de telômeros através da
suplementação vitamínica.
O
estudo foi co-dirigido por pesquisadores do Mass General Brigham, afiliado a
Harvard, e do Medical College of Georgia. Os resultados abrem novas
possibilidades para o desenvolvimento de intervenções nutricionais específicas
destinadas a promover o envelhecimento saudável e potencialmente reduzir o
risco de doenças relacionadas à idade, por meio da proteção de estruturas
celulares fundamentais.
Haidong
Zhu, primeiro autor do relatório e geneticista molecular do Medical College of
Georgia na Augusta University, destacou as implicações desses achados para
futuras estratégias de saúde. “Nossos achados sugerem que a suplementação
direcionada com vitamina D pode ser uma estratégia promissora para combater um
processo de envelhecimento biológico, embora mais pesquisa seja necessária”,
declarou ao The Harvard Gazette. Fonte da informação Gazeta Brasil.