Por BNews
Fonte da Informação: BNews
A
estratégia de atuação das polícias no combate ao crime organizado foi avaliada
pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), nesta última quarta-feira (2 de julho). O
petista defendeu uma atuação conjunta e coordenada entre os governos estaduais
e o governo federal. Em tom crítico, o presidente reconheceu a desconfiança de
parte da população em relação às forças de segurança. “Veja, a polícia deve ser
uma espécie de guardiã da sociedade. Quando a sociedade vê um policial, tem que
enxergar alguém que vai ajudar, que está ali para fazer alguma coisa. Mas, em
algum momento no Brasil, o policial passou a ser visto como um adversário de
quem está recorrendo à polícia. Então, a saída é buscar uma fórmula, que não é
mágica, mas sim civilizatória. É preciso entendimento entre o governo do estado
e o governo federal para definir onde cada um atua”, afirmou em entrevista à TV
Bahia.
A
fala foi feita em resposta a uma pergunta sobre o avanço das facções e os
impactos da violência em estados como a Bahia. O presidente admitiu que o
modelo atual de segurança pública está esgotado e defendeu uma redefinição
clara das responsabilidades de cada ente da federação no enfrentamento ao
crime. “Durante muito tempo, houve no
Brasil uma discussão que não levou a nada: quem é que manda na polícia? Quem
cuida da segurança? Se você for olhar a Constituição, a segurança pública é de
responsabilidade dos governadores, que comandam a Polícia Militar e a Polícia
Civil. O governo federal tem a Polícia Federal e as Forças Armadas, que não entram
nessa história”, explicou.
Segundo
o presidente, o governo federal já reuniu em três oportunidades com governadores
para discutir uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que redefine o papel
da União na área. “O que nós queremos construir é uma parceria civilizada entre
o governo estadual e o governo federal, para saber qual é o papel de cada um.
Onde o governo federal entra? É só para dar dinheiro ou também participa das
decisões políticas no combate à criminalidade?”. Na entrevista, Lula também
citou uma conversa entre o ministro da Casa Civil, Rui Costa, e o ministro da
Justiça, Ricardo Lewandowski, sobre a limitação dos recursos disponíveis para
enfrentar o crime organizado.
“Eu vi uma discussão do ministro Rui Costa com o ministro Lewandowski. O ministro Lewandowski dizia ao Rui que havia dois bilhões de reais no Fundo Nacional de Segurança Pública. O Rui respondeu: ‘Mas isso é brincadeira, ministro. Só na Bahia eu gasto oito bilhões’. Então, dois bilhões para o Brasil inteiro não dá. E é verdade”, relatou o presidente. Lula concluiu afirmando que o enfrentamento à criminalidade exige seriedade, profissionalismo e inteligência. “O crime organizado é uma indústria multinacional. Tem braço no Poder Judiciário, no Poder Político, no futebol... Tem braço em tudo quanto é lugar. Inclusive internacional. Então, para enfrentar o crime organizado, é preciso agir com profissionalismo e investir com muita inteligência. Esse é um mal que atinge o mundo inteiro. E, no Brasil, ele cresce porque, em alguns estados, parte da polícia é conivente com isso”. Fonte de Informação: BNews.