O
governador Jaques Wagner voltou a criticar duramente a possibilidade de
reeleição do deputado Marcelo Nilo (PDT) - seu aliado político - para mais um
mandato (o quinto) de presidente da Assembleia Legislativa do Estado. Nilo
disse que respeita a opinião do amigo, mas vai disputar o cargo novamente.
A eleição
ocorre em fevereiro e o deputado pedetista já costurou maioria de apoios
dos colegas para disputar como favorito. A eleição é decidida por voto secreto
dos 63 deputados estaduais.
"Nenhum
outro poder tem condução infinita. O STF não tem, o STJ não tem. Estou à
vontade, pois Marcelo Nilo é meu amigo de sangue, mas ele tem uma opinião e eu
tenho outra", disse o governador que se posicionou "totalmente
contrário" à nova recondução do presidente da Assembleia.
Oposição
"Não
acho que isso ajude o Poder Legislativo, agora tem que perguntar aos partidos
políticos, inclusive os da oposição", declarou Wagner achando que
"nessa hora todo mundo fica fazendo de bonito".
Por essa
razão, alegou ser preciso perguntar "à liderança do DEM, do PSDB
para dizer publicamente o que acha da matéria. Eu sou contra. Não tenho briga
com Marcelo Nilo. Já briguei antes dizendo que ele não devia ser
candidato", reforçou, ressalvando que, no entanto, "não se mete"
no processo de sucessão do Legislativo. "Não sou eu que voto. Primeiro
quem tem que se meter são os partidos políticos, depois são 63 deputados
que devem pesar a casa que trabalham. Se concordam com ele, continuem. Eu é que
não posso mandar emenda para mudar o regimento interno", disse.
Para
acabar com as sucessivas reeleições para a presidência da Assembleia, na visão
do governador, cabe aos deputados estaduais cobrarem a emenda que extingue a
reeleição dentro da Legislatura. "È botar para votar e vocês (da imprensa)
pedirem votação aberta e controlarem quem quer e quem não quer". Wagner
reforçou ser "contra" a reeleição. "Óbvio que é difícil falar
contra a reeleição quando começa uma nova Legislatura como agora que o
colegiado é outro e ai qualquer juiz do Tribunal Superior Eleitoral ou Supremo
Tribunal Federal vai dizer que não se caracteriza a reeleição por ser uma outra
Legislatura, mas se quiser votar o impedimento acho melhor ainda".
Jaques Wagner deu essas declarações durante a solenidade de diplomação dos
eleitos deste ano.
Emenda
Marcelo
Nilo reiterou, por seu turno, sua "amizade fraternal" com Wagner e
lembrou que nas últimas eleições que foi candidato à reeleição o governador
teve o mesmo posicionamento contrário, mas "republicanamente" não
interferiu na disputa. "Nesse tema temos opiniões diferentes, mas nada que
arranhe nossa amizade", brincou.
Nilo
admite que a opinião do governador tem peso, mas ponderou que a sugestão de
Wagner para se colocar em votação o fim da reeleição já foi atendida por ele.
"Eu coloquei na pauta a emenda para extinguir a reeleição e quem mandou
retirar foram dois deputados do PT, Paulo Rangel e Rosemberg Pinto",
lembrou.
Rosemberg
é o candidato do PT que disputará a eleição de presidente do Legislativo, mas
não obteve uma declaração publica de apoio à sua candidatura do governador
Jaques Wagner. O outro nome que pretende disputar o cargo é o deputado Pastor
Isidório de Santana (PSB).(A tarde).