Por Correio
[Edicase]Hábitos simples ajudam na prevenção e na identificação precoce do câncer de próstata (Imagem: Andrey_Popov | Shutterstock) Crédito: Imagem: Andrey_Popov | Shutterstock
A preocupação com o câncer de próstata tem começado cada vez mais cedo entre homens mais jovens. Ainda que o risco para a doença seja maior a partir dos 50 anos, homens nas faixas etárias até 49 anos fizeram 14 vezes mais procedimentos por conta do tumor na Bahia. Em cinco anos, entre 2020 e 2024, os procedimentos ambulatoriais para câncer de próstata em homens com até 49 anos saltaram de 679 para 9.699 ou seja, um crescimento de mais de 1428%, segundo Ministério da Saúde. Em 2025, os dados até agosto também indicam a tendência de aumento, já que chegam a 8.896. Apesar de ser mais comum após os 60 anos, o câncer de próstata também pode afetar homens mais jovens.
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No
Brasil, segundo o Sistema de Informação Ambulatorial (SIA) do SUS, também houve
alta de 161%, com 7.423 atendimentos em 2020 contra 19.415 intervenções
ambulatoriais em 2024. Já em 2025, até agosto, foram 15.748 ocorrências. O
número de procedimentos, contudo, não corresponde exatamente ao total de
pacientes atendidos. Isso porque, de acordo com o Ministério da Saúde, uma
mesma pessoa pode ter feito mais de um procedimento ou ter sido internada mais
de uma vez ao longo de seu tratamento.
Mesmo
assim, um aumento tão expressivo é multifatorial, como explica o cirurgião
robótico Lucas Batista, chefe dos serviços de urologia da Universidade Federal
da Bahia e do Hospital Cárdio Pulmonar. Um deles é justamente a maior
disseminação de informações sobre a necessidade de consultar um urologista e
fazer o exame de PSA (Antígeno Prostático Específico). O médico considera que
isso aumentou nos últimos 15 anos, especialmente pela atuação das sociedades
médicas, dos hospitais e da imprensa. “Existe uma mudança de geração, com uma
massificação maior de informações. As pessoas estão conseguindo entender melhor
essas questões e isso ajuda mais gente procurar o médico e não deixar para a
última hora”, analisa.
Não
é possível, segundo ele, afirmar que os tumores de próstata são mais frequentes
hoje do que eram há alguns anos. Por outro lado, há uma tendência maior de
diagnósticos mais precoces. “Antes, a gente dava diagnósticos de paciente com
60 anos. Agora, essas pessoas estão recebendo o diagnóstico com 50 anos”,
pontua. O oncologista Denis Jardim, líder nacional da especialidade de tumores
urológicos da Oncoclínicas, faz uma ponderação semelhante: o crescimento não
significa, necessariamente, que mais homens jovens estejam desenvolvendo a
doença. Ele também acredita que o aumento se relaciona com a maior
conscientização, a ampliação do acesso à rede de saúde e a mudança de
comportamento em relação ao autocuidado masculino.
“Campanhas
de prevenção, especialmente o Novembro Azul, vêm contribuindo para que mais
homens, inclusive abaixo dos 50 anos, busquem uma avaliação médica preventiva.
Também observamos um movimento gradual de redução do preconceito em relação às
consultas e exames, aliado ao desejo de envelhecimento saudável e ao acesso
mais amplo à informação”, afirma.
PRECOSE
É
comum que existem diferenças no comportamento do tumor de próstata entre faixas
etárias. “Quando o câncer de próstata aparece em homens mais jovens, ele pode
apresentar características mais agressivas e evolução mais rápida. Já em
pacientes mais velhos, podem ser diagnosticados casos de evolução mais
indolente e a vigilância ativa pode ser uma estratégia segura. Como isso não é
uma regra, cada caso precisa ser avaliado individualmente”, explica o
oncologista Denis Jardim. Diagnosticar o câncer de próstata cedo pode fazer
muita diferença para o tratamento. Isso porque os tumores de próstata costumam
ter desenvolvimento lento, além da baixa taxa de mortalidade. Segundo o
cirurgião robótico Lucas Batista, alguns pacientes chegam a passar cinco anos
com o tumor não diagnosticado e 90% dos casos são de risco baixo ou
intermediário, com boas chances de cura. Nas fases iniciais, contudo, o mais
comum é que os pacientes não tenham sintomas.
Nos estágios mais avançados, por outro lado, alguns sinais são dificuldade para urinar, aumento da frequência urinária, presença de sangue na urina ou no sêmen, dores na pelve, quadris e costas. “Só 10% (dos tumores) são de maior risco. Mas se a pessoa não tem um diagnóstico e evolui com esse tumor, pode evoluir para um risco que vai aumentando”, explica. Hoje, uma das principais opções de tratamento para o câncer de próstata é a cirurgia robótica, que chegou ao Brasil em 2009. “Os pacientes têm muito medo de ficar impotentes e de ter incontinência (urinária). Ainda tem a possibilidade de efeitos colaterais, mas isso diminuiu. Aquele cirurgião que já opera há muitos anos consegue oferecer ao paciente essa tríade de cura oncológica, retorno da potência e da continência”, acrescenta.
Há, ainda, técnicas ablativas do tumor, a exemplo da eletroporação, que usa pulsos elétricos para destruir as células tumorais. Existem, ainda, tratamentos mais conhecidos, como a radioterapia e a quimioterapia. No entanto, a quimioterapia é indicada apenas para bloqueio metastático, ou seja, para tumores que já se espalharam. Outro problema é que não existem formas específicas de prevenção do câncer de próstata. Ainda assim, manter um estilo de vida saudável é uma recomendação geral, além dos exames preventivos a partir dos 50 anos. Se o paciente tiver histórico familiar de câncer de próstata em parentes de primeiro grau, porém, isso deve ser feito a partir dos 45 anos. Fonte: Correio.