Por Tribuna da Bahia
Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
Bastaram
poucas horas após o fim da operação policial que deixou centenas de mortos e
dezenas de presos no Rio de Janeiro para ficar claro que pela inépcia do Estado
e pelos interesses eleitorais dos políticos brasileiros, o resultado tende o
mesmo de ofensivas anteriores, com efeito limitado no combate a organizações
criminosas.
Um
dos pontos essenciais para é perceber o fato de o Estado ter desaparecido do
local imediatamente após a ação. Após os confrontos mortais, a polícia se
retirou e não havia nem perícia, nem bombeiros ou defesa civil por lá para
recolher os corpos em região de mata. Isso coube aos próprios moradores que se
mobilizaram para colocá-los em uma praça onde foram exibidos à imprensa para,
só depois, horas depois, aparecerem representantes do Estado para levá-los dali
ao Instituto Médico Legal.
Não houve investigação no local, nem assistência às comunidades. Nem psicológica, nem segurança contra possíveis represálias a moradores. Nada. Aos residentes da comunidade, principais vítimas da tragédia do tráfico, restou a companhia não dos agentes da institucionalidade mas, muito possivelmente, de representantes da mesma organização criminosa que no dia anterior combatia contra a polícia. São aqueles que não foram presos, nem mortos e que seguirão convivendo com a comunidade e recrutando, entre jovens pobres, os que vão fazer parte do próximo Exército que vai matar e ser morto. Se nem para recollher corpos de mortos pela polícia o Estado contribui, como imaginar que a comunidade efetivamente está protegida da criminalidade?
A
segunda mensagem de que a ação é mais pirotecnia do que de fato combate ao
crime organizado é a politização do tema. Por todas as partes. O governador do
Rio criou até uma frase de efeito para fingir que de fato, agora, na reta final
de seu mandato, combate, sozinho, a crimilidade: “ou soma ou suma”. Enquanto
ele dava coletiva, o governo federal fazia sua própria reunião, apartada das
autoridades estaduais, e com a presença até do ministro da Comunicação (!) para
discutir a reação (eleitoral?) à operação no Rio.
Antes,
os governadores de oposição já recheavam as redes com críticas ao governo
federal e organizavam uma visita ao Rio para exibirem-se eleitoralmente. Como
se tivessem descoberto nesta semana a gravidade do problema da criminalidade. O
de Goiás, Ronaldo Caiado, chegou a oferecer tropas. Imagine só um policial de
Goiás que não conhece uma viela sequer no Rio subindo a favela para combater o
CV, o que nem os mais especializados policiais do Rio conseguem hoje sem efeitos
colaterais trágicos. Por Ricardo Corrêa Fonte:
Tribuna da Bahia.