Por Correio
Governador
da Bahia, Jerônimo Rodrigues Crédito: Marina Silva/CORREIO.
Uma
pesquisa quentinha, recém-saída do forno, provocou pânico no governo de
Jerônimo Rodrigues (PT) e tem tirado o sono de caciques da base petista. Os
resultados, tanto no levantamento quantitativo quanto, principalmente, no
qualitativo, assustaram o grupo e expuseram uma insatisfação muito acima do
normal com o governo. A gestão de Jerônimo foi considerada "péssima, medíocre
e caótica", conforme apontam os dados da quali aos quais a coluna teve
acesso, enquanto o governador foi apontado como "despreparado,
irresponsável e sem conhecimento", confirmando, inclusive, o que já vem
sendo mostrado em outras pesquisas. A crise de imagem e a rejeição de Jerônimo
parecem se aprofundar.
ALAVANCAR
PARADA
A
situação se agrava ainda mais pela condição do presidente Luiz Inácio Lula da
Silva (PT), principal alavanca eleitoral dos governos petistas na Bahia nos
últimos anos, em especial na eleição de Jerônimo, em 2022. A gestão do
cacique-mor petista tem visto sua rejeição aumentar nos últimos dias, segundo
diversos institutos de pesquisa. Inclusive, em sondagens internas na Bahia, a
própria cúpula petista já percebeu que o presidente não deve ter o mesmo poder
de influência devido à queda brusca registrada em sua popularidade no interior
baiano, até mesmo em cidades menores.
QUEDA
BRUSCA
Um
prefeito aliado de Jerônimo resolveu fazer uma pesquisa para avaliar sua gestão
e, também, a atuação do governo do estado na cidade, que tem em torno de 20 mil
habitantes. O resultado, para ele, foi muito positivo, mas para Jerônimo foi
tenebroso. O governador viu sua intenção de voto cair quase 30 pontos
percentuais, comparando o levantamento de agora com a eleição de 2022, quando o
petista venceu na cidade com facilidade. O prefeito, que já desconfiava da má
avaliação de Jerônimo, já avisou a parlamentares da base.
DIFICULDADE
O
deputado estadual Fabrício Pancadinha (Solidariedade) deve ter dificuldade para
conquistar a reeleição no próximo ano. Em Itabuna, principal base do
parlamentar, o prefeito Augusto Castro (PSD) vai lançar a primeira-dama Andrea
Castro na disputa por uma cadeira na Assembleia Legislativa da Bahia (Alba).
Além disso, com a adesão do deputado à bancada petista, a oposição na cidade
também deve abandonar o projeto do parlamentar. Inclusive, o grupo
oposicionista em Itabuna deve lançar um nome para a disputa pela Alba. Entre os
especulados, estão o ex-vice-prefeito Enderson Guinho e o vereador Danilo
Freitas, ambos do União Brasil. Lideranças locais dizem que a derrota de
Pancadinha já é dada como certa. "Foi um movimento de suicídio
político", disse um líder partidário. Pancadinha, inclusive, vem sendo
muito criticado na cidade por conta da mudança de posicionamento, tanto por
antigos aliados quanto por sua própria base de apoio.
DISPUTA
POLÍTICA
A
greve dos professores em Salvador, conduzida pela APLB, tem como pano de fundo
uma disputa intensa entre PSOL e PCdoB por maior influência na categoria.
Lideranças políticas de ambos os partidos estão em rota de colisão, o que tem
levado à continuidade do movimento. Por um lado, os principais dirigentes da
APLB são ligados ao PCdoB, enquanto outras lideranças da greve, como Denise
Souza, esposa do deputado estadual Hilton Coelho (PSOL), disputam o
protagonismo do movimento. A briga partidária não só evidencia que a greve é
meramente política como mostra que, na verdade, os interesses dos professores e
muito menos a melhoria da qualidade do ensino não são prioritários para as
lideranças grevistas. Quem perde com isso são os alunos e seus familiares.
CONSTRANGIMENTO
Aliados
de Jerônimo Rodrigues continuam se queixando do tratamento hostil e da falta de
atenção do governador. Nesta semana, em Itamari, no Médio Rio de Contas, o
petista causou um enorme constrangimento com o prefeito Dr. Tom (Avante), que
integra a sua base. No palanque, Jerônimo fez um afago ao ex-prefeito Kçulo
Menezes, ferrenho adversário de Dr. Tom, e mandou um recado para o atual
gestor: "Senta na cadeira, Tom. Vá governar o povo, olhe pra frente",
disse, em resposta às trocas de farpas entre os dois grupos na cidade. A fala
não foi bem digerida pelo grupo do prefeito, que se queixou do governador.
GUERRA
FRIA
O
clima é de guerra fria entre deputados estaduais e secretários do governo
Jerônimo que pretendem disputar as eleições em 2026. Isso porque, na disputa
antecipada por territórios e apoios eleitorais, os secretários atropelam
articulações de deputados e vão direto às bases, oferecendo recursos sem
precisar mediação do parlamentar em exercício ou ainda travam a liberação de
obras que teriam suas digitais. Assim, a convivência dentro da base vai virando
uma verdadeira torre de Babel, onde ninguém se entende e todo mundo se ataca.
Dizem que, se o governador não tomar pulso para controlar a situação, a
articulação, que já anda cambaleante, pode definitivamente sair dos trilhos,
uma vez que muitos deputados se sentem sabotados pela articulação do próprio
Executivo.
CONSELHÃO
Por
falar em liberação de recursos, inquietou os bastidores esta semana os rumores
de que o governo Jerônimo deve criar uma espécie de ‘conselhão’ para deliberar
pagamentos. Por ora, a informação que circula aponta para um colegiado formado
pelos principais secretários do governador, a quem caberá fazer um filtro do
que deve ou não ser liberado a depender do rumo das articulações políticas de
olho em 2026 - premiando aliados mais fiéis e estrangulando os que saírem da
linha. O ‘conselhão’ deve começar a operar a partir do segundo semestre, após
os festejos juninos, quando o governo vai aumentar ainda mais as ofensivas
eleitorais.
AO
VIVO
Na
correria para encerrar a última semana de trabalhos antes do São João, a
presidente da Assembleia Legislativa, Ivana Bastos (PSD), deu um chega para lá
na sua assessoria de plenário, sem a menor cerimônia. Durante a sessão, com o
microfone aberto, Ivana declinou de um jeito nada gentil das orientações sobre
o rito da sessão, que requeria a aprovação de atas antes de entrar de fato nas
fases seguintes de pronunciamentos e votação de projetos. Detalhe, tudo ao vivo
pela transmissão da TV Assembleia no YouTube.
MEME
JUNINO
O
deputado estadual Matheus Ferreira (MDB), filho do vice-governador Geraldo
Júnior (MDB), virou motivo de piada depois de usar o plenário da Assembleia
Legislativa para se associar a críticas de integrantes do PT e do PSOL à
prefeitura de Salvador. Assim que encerrou o discurso, o emedebista ficou
ligeiramente desconcertado ao ser perguntado por qual motivo mesmo estava
encampando o movimento das legendas responsáveis por colocar seu pai no
vergonhoso terceiro lugar na disputa pela prefeitura em 2024. O emedebista
júnior só percebeu quando já era tarde. Virou meme na saída dos parlamentares
para o São João.
MEU
PASSADO ME CONDENA
Os
convênios e contratos eleitoreiros firmados pelo governo do estado em 2022,
ainda na gestão de Rui Costa (PT), prometem trazer ainda muita dor de cabeça à
cúpula petista. Uma auditoria realizada pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE)
identificou uma série de irregularidades em contratos de obras públicas
firmados pela Conder. O levantamento analisou uma amostra de quase R$ 180
milhões em contratos, entre 2022 e 2023, e apontou problemas técnicos nos
projetos, falhas em licitações, sobrepreço, superfaturamento e deficiências na
fiscalização. Do que foi apurado até agora, o sobrepreço e o superfaturamento
superam a casa dos R$11,5 milhões. Os auditores, inclusive, sugerem que o caso
seja encaminhado ao Ministério Público.
BAHIA
COM FOME I
Uma
auditoria do Tribunal de Contas do Estado revelou falhas graves na operação da
Política de Segurança Alimentar e Nutricional e na execução do programa Bahia
Sem Fome, principal bandeira do governador Jerônimo Rodrigues (PT). Em 2024, 90
cidades baianas não receberam por parte do governo estadual nenhuma medida de
combate à fome, enquanto outros 289 municípios receberam apenas uma ou duas
ações, o que, segundo os auditores, evidencia a falta de articulação e o
alcance limitado do programa. Por outro lado, o Bahia sem Fome também
negligenciou municípios com maior índice de vulnerabilidade social (como São
José da Vitória, Gongogi e Pau Brasil), enquanto concentrou ações com melhores
indicadores sociais, como Salvador e Lauro de Freitas.
BAHIA
COM FOME II
Outra
revelação que o TCE trouxe foi de que o governo Jerônimo não tem sequer um
restaurante popular no interior do estado, apesar de haver um programa do
governo federal para a implantação de restaurantes populares em cidades com
mais de 100 mil habitantes - o que deixa pelo menos 17 cidades baianas
habilitadas. Hoje, na gestão de Jerônimo, apenas dois restaurantes funcionam em
Salvador e ainda assim mediante pagamento de tarifa mínima. Em outra ponta, a
prefeitura já vai com dez unidades, fornecendo diariamente alimentação de
graça. Fonte: Correio.