Por Metrópoles
O
juiz Dalton Lacerda Vital, da 1ª Vara de São Pedro, interior de São Paulo,
decretou o sequestro de todos os ativos financeiros, além de bens móveis e
imóveis, registrados em nome do casal de advogados Hércules Praça Barroso e
Fernanda Morales Teixeira Barroso. Ambos foram presos terça-feira (17/6) em São
Carlos, também no interior paulista, no condomínio de luxo no qual residem,
suspeitos de serem os mandantes do assassinato de dois clientes: o casal de
empresários José Eduardo Ometto Pavan, de 69 anos, e Rosana Ferrari, 61. Entre
os bens sequestrados judicialmente, estão sete imóveis, avaliados em R$ 12
milhões, além de quase R$ 3 milhões, pertencentes aos empresários assassinados,
que teriam sido adquiridos pelo casal de suspeitos por meio de fraude
processual.
Para
isso, em conluio com as vítimas, criaram empresas de fachada, por meio das
quais realizaram transferências fraudulentas de bens, com o intuito de fraudar
credores mostra investigação da Polícia Civil. Os advogados e os empresários,
conforme apurou o Metrópoles, confeccionaram documentos, contratos e
instrumentos de confissão de dívida, além de oferecerem imóveis falsos como
pagamento para dívidas. Além disso, empresas pertencentes às vítimas foram
transferidas para o nome dos advogados.
PATRIMÔNIO MILIONÁRIO
Cientes
do patrimônio milionário dos clientes como sugere investigação da Delegacia
Especializada em Investigações Criminais (Deic), de Piracicaba Hércules e Fernanda
se apropriaram de R$ 12 milhões em imóveis das vítimas, além de receber R$ 2,8
milhões em honorários, obtidos de forma fraudulenta. Essa teria sido a
motivação para que encomendassem o assassinato dos clientes, para o qual
contrataram os pistoleiros Carlos César Lopes de Oliveira, 57 anos, o Cesão ex-motorista
particular dos mandantes e Edinaldo José Vieira, 54, o Índio. Ambos também foram
presos, terça-feira passada, na Praia Grande, litoral paulista. Nessa
quarta-feira (18/6), os supostos assassinos, assim como os advogados, foram
submetidos a uma audiência de custódia, na qual suas prisões temporárias, de 30
dias, foram mantidas pela Justiça. A defesa deles não havia se manifestado até
a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto.
CORPOS
NO CARRO
Na
época do crime, José Eduardo, empresário do agro, e Rosana, dona de uma escola
infantil, foram encontrados mortos dentro de uma caminhonete na chácara da
família, em São Pedro. Desde então, a Deic de Piracicaba iniciou a investigação,
na qual constatou que, no dia do crime, um dos investigados foi visto junto com
as vítimas, ainda vivas. Após anoitecer, o carro dos empresários foi guiado até
uma chácara, pertencente ao casal. No veículo estavam os corpos de José Eduardo
e Rosana. O empresário José Eduardo era dono de um sítio com plantação de
eucaliptos e criação de gado. Ele era um dos herdeiros da família Ometto Pavan,
uma das mais tradicionais do ramo açucareiro no Brasil responsável pela Usina
São Martinho, uma das maiores processadoras de cana-de-açúcar do mundo.
SSP
e OAB
Ao
Metrópoles, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) confirmou que policiais
civis da Deic de Piracicaba prenderam quatro pessoas. “As prisões ocorreram
durante a Operação Jogo Duplo, que visou o cumprimento de mandados de busca e
apreensão nas cidades de São Carlos e Praia Grande, onde os suspeitos foram
localizados”, informou a pasta. Os advogados foram presos pela manhã, durante
cumprimento de mandados no Condomínio Damha II, em um bairro nobre de São
Carlos, no âmbito da Operação Jogo Duplo, que contou com apoio de helicóptero
da Polícia Civil (veja abaixo).
Também em nota à reportagem, a 30ª Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de São Carlos informou estar acompanhando a diligência da Polícia Civil que resultou na prisão dos dois profissionais. O órgão representativo ressaltou que, por meio de seu Tribunal de Ética e Disciplina (TED), apura infrações que cheguem ao seu conhecimento, “seja por representação ou por fatos divulgados em canais de comunicação”, disse, acrescentando que, “nesse sentido, a Seccional paulista adotará as medidas de apuração cabíveis junto ao seu Tribunal de Ética e Disciplina”. Fonte: Metrópoles.