Por Clóvis Gonçalves
Após
se reunir com empresários e ministros brasileiros hoje em São Paulo, o
presidente da França, Emmanuel Macron, disse que não defende o acordo que está
sendo costurado entre os países do Mercosul e a União Europeia. Segundo ele, o
atual acordo está sendo negociado há mais de 20 anos e não foi atualizado,
prevendo, por exemplo, temas como o clima. Para ele, o acordo “precisa ser
renegociado do zero”. “O Mercosul é um péssimo acordo como ele está sendo
negociado agora. Esse acordo foi negociado há 20 anos. Eu não defendo esse
acordo. Não é o que queremos”, disse. “Deixemos de lado um acordo de 20 anos
atrás e construamos um novo acordo, mais responsável, prevendo questões como o
clima e a reciprocidade”, destacou.
Macron
participou hoje do Fórum Econômico Brasil-França, que está sendo realizado na
Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), na capital paulista.
Este é o primeiro dos compromissos de Macron em São Paulo, após ter
participado, na manhã de hoje, de evento na cidade de Itaguaí, no Rio de
Janeiro. Amanhã ele estará em Brasília,
onde se encontrará novamente com o presidente da República Luiz Inácio Lula da
Silva. O posicionamento de Macron contraria o governo brasileiro. Antes da fala
do presidente francês, o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, havia
defendido o acordo entre o Mercosul e a União Europeia. “O Mercosul ampliou
mais um país este ano, que é a Bolívia. Fizemos um acordo com Cingapura e houve
conversas com a União Europeia. O presidente Lula sempre fala que tem que haver
reciprocidade. É o ganha-ganha. Nós conquistamos mercado, nós abrimos o
mercado”, disse Alckmin.
Mais cedo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também havia defendido o acordo, dizendo que o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva “vai continuar insistindo nele”. Haddac chegou a comparar um possível acordo entre o Mercosul e a União Europeia com a aprovação da reforma tributária no Brasil. Segundo ele, o Brasil demorou 40 anos para aprovar a reforma tributária que “colocou um ponto final no caos tributário”. “Não devemos desistir desse acordo. Se foi possível aprovar a reforma tributária depois de 40 anos, por que não, depois de 20 (anos) aprovar um bom acordo União Europeia e o Mercosul”, disse Haddad ao discursar durante o evento.
Em
São Paulo, Macron disse “estar muito feliz em estar” na cidade. Ele transmitiu
aos empresários brasileiros três importantes mensagens: “as empresas francesas
acreditam no Brasil, as empresas brasileiras devem acreditar mais na França e
temos uma agenda comum para conseguirmos superar os grandes problemas e que nos
levem para uma transição energética”. Em
seu discurso, Macron destacou principalmente o segundo ponto, afirmando que as
empresas brasileiras podem acreditar na França porque medidas econômicas foram
tomadas pelo governo francês, como a criação de empregos e investimentos
maciços, para tornar o seu país atraente aos negócios. “É preciso acelerar, ir
mais longe. A França será a porta de entrada ao mercado europeu”, disse ele.
Ele
também destacou o papel do Brasil e da França no enfrentamento das emissões de
carbono. Para ele, os dois países juntos podem superar esse problema, criando
regras mais claras, redobrando esforços e aperfeiçoando os acordos bilaterais. Macron
chegou na Fiesp por volta das 16h40 e, no local, se reuniu a portas fechadas
com o ministro Fernando Haddad, o vice-presidente da República Geraldo Alckmin,
banqueiros e empresários. Depois, ele discursou no encerramento do evento,
antes de seguir para uma agenda por vários locais de São Paulo que prevê a
inauguração do Instituto Pasteur, na Universidade de São Paulo (USP); um
encontro com jovens da Fundação Gol de Letra junto ao ex-jogador Raí e um
jantar com personalidades brasileiras da cultura e do esporte. Edição: Maria
Claudia/Informação da Agencia Brasil.