quarta-feira, 17 de dezembro de 2025

"NÃO EXISTE CONSENTIMENTO QUANDO NÃO HÁ ESCOLHA", DIZ VÍTIMA DE JAIR TÉRCIO, LÍDER RELIGIOSO ACUSADO DE ABUSOS

Por Metro1

Foto: Reprodução/Youtube

“Se você não pode dizer não, você não pode dizer sim.” A afirmação de Tatiana Jatobá, primeira vítima a denunciar Jair Tércio Cunha Costa, sintetiza a dinâmica de poder, coerção e abuso atribuída ao líder espiritual denunciado por violentar 14 mulheres. Em entrevista ao Jornal da Cidade, nesta última quarta-feira (17/12), Tatiana destacou que a condenação é fundamental para ampliar o debate público e fortalecer ações de prevenção. “As pessoas acham, por exemplo, que quando a gente fala de assimetria de poder, de abuso religioso, do que aconteceu comigo e com dezenas de mulheres, isso não tem relação com os números de feminicídio. Mas o que aconteceu comigo, o que aconteceu com tantas pessoas, só é possível porque existe uma cultura que aceita a instrumentalização do poder para o uso de vantagens pessoais, inclusive sexuais”, afirma.

Segundo Tatiana, os abusos religiosos e a assimetria de poder não estão dissociados de uma estrutura social que naturaliza o uso da autoridade para obtenção de benefícios pessoais. Jair Tércio Cunha Costa está foragido desde 2020. Ex-grão-mestre de uma loja maçônica na Bahia e conhecido como “falso profeta”, ele nunca foi localizado pelas forças policiais. Para ela, a condição de foragido levanta uma questão central: quem o ajuda a se esconder e até que ponto essas pessoas podem estar envolvidas nos crimes. “Quem está ajudando Jair a ficar escondido? E por que essas pessoas continuam ajudando? Em que medida elas não estão envolvidas nos crimes de Jair? É muito complexo falar desse lugar”, diz.

Tatiana relata ainda que havia dependência emocional, retaliações contra familiares e pressão constante para manter o controle sobre quem tentava sair do grupo. De acordo com ela, o pedido de sigilo e o isolamento das vítimas faziam parte do mesmo mecanismo de poder presente em diferentes formas de violência de gênero. Fonte: Metro1.