Por BNews
Foto: Google Street View
Um
caso que serve de alerta para toda a população e, principalmente, para a
comunidade jurídica, veio à tona nesta segunda-feira (1º/12). O juiz Carlos
Eduardo da Silva Camillo, que atua na comarca de Ubatã, no sul da Bahia, por
pouco não se tornou vítima do conhecido "Golpe do Falso Advogado" via
WhatsApp. A tentativa de fraude utilizava informações reais de um processo que
o magistrado possui contra a companhia aérea GOL Linhas Aéreas. Os golpistas
tentaram extrair dados bancários e, possivelmente, valores sob a justificativa
de "isenção de impostos". O juiz percebeu a tempo a tentativa de
golpe e conseguiu desmascarar o golpista.
A
fraude começou com uma mensagem via WhatsApp, de um número com DDD 74,
informando ao Dr. Camillo sobre "atualizações recentes que trouxeram
notícias positivas" em seu processo. A mensagem seguinte, repleta de
informações falsas, mas que davam ares de veracidade, informava que uma perícia
técnica havia determinado a negligência da GOL Linhas Aéreas e que o juiz
receberia uma indenização no valor de R$ 50.191,40. Para dar prosseguimento ao suposto pagamento,
o falso intermediário solicitou os dados de conta e agência bancária do
magistrado. Em uma tentativa de obter os dados rapidamente, a conversa
prosseguiu com a solicitação de uma "Proteção de Dados (PCD)" para
garantir que o valor não fosse sujeito à declaração de impostos, uma tática
clássica em golpes para justificar a urgência e, muitas vezes, pedir depósitos
iniciais para a "liberação" do montante.
A DESCOBERTA DO
ESQUEMA
Ao
perceber que era golpe, o juiz conversou com os golpistas, informaram que que a
Gol iria ligar. Minutos depois, algum falso representante da Gol ligou para o
juz para que recebesse o valor da indenização. Para isso, teria que abrir a
tela do telefone, abrir o aplicativo do banco e compartilhar a tela com eles.
Nesse momento a vítima solicitou que conferisse os dados da petição inicial que
tinham e a procuração para ver se a a profissão estava certa, "momento em
que o golpista viu que eu era juiz e pediu desculpas e em seguida
desligou".
O
que salvou o juiz de cair na armadilha foi a sua expertise e a atenção aos
detalhes. O golpista utilizou um número de processos que, embora contivesse a
petição inicial em nome do Dr. Camillo, referia-se a um caso contra a XP
Investimentos e não contra a GOL. Além disso, o número do processo fornecido na
conversa estava incorreto para o caso real contra a GOL. Após ser desmascarado,
o próprio criminoso, que estava operando de São Paulo (SP), surpreendentemente,
abriu o jogo com o juiz. Segundo o relato do juiz Camillo, o golpista informou
que consegue em média R$ 60 mil por semana com este tipo de fraude. Diante do
crime e do esquema de grande porte revelado, o magistrado registrou um Boletim
de Ocorrência (B.O.), fornecendo todas as informações e prints da conversa para
auxiliar nas investigações. Para evitar que mais pessoas caiam nesse golpe, a
Ordem dos Advogados do Brasil - Seção Bahia (OAB-BA) lançou uma cartilha. Informativa.
Fonte: BNews