Por Folha do Estado da Bahia
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Lançado na última quarta-feira (19/11), véspera do Dia
da Consciência Negra, na Escola João Paulo I, em Feira de Santana, o livro Cadê
a professora? da educadora e pesquisadora Karine Oliveira dos Reis Sousa,
emerge como obra fundamental para pensar uma escola antirracista. A publicação,
que chega ao público pela editora Frutificando, nasce da dissertação de
mestrado da autora A invisibilidade da professora negra na educação básica de
Feira de Santana: a narrativa sobre a nuance do silêncio e do enfrentamento defendida
neste ano.
Karine,
que traz na estampa da sua camiseta uma frase de alto impacto "ser
antirracista é mais do que uma escolha, é um compromisso com a humanidade"
explica que o livro tem como ponto de partida uma história ficcional inspirada
em vivências reais: uma professora que se vê invisibilizada por uma aluna única
e exclusivamente por causa da cor da sua pele. A narrativa, segundo a autora,
simboliza não apenas uma experiência isolada, mas um padrão que atravessa
gerações e que ainda se manifesta dentro das salas de aula. "O livro nasce
de uma professora que tem uma aluna que a torna invisível na sala de aula por
conta da sua cor", relata Karine.
Ela
reforça que escreveu a obra a partir de memórias vividas e evocadas ao longo de
sua trajetória como gestora nas redes de ensino, onde pôde acompanhar de perto
as dores, resistências e conquistas de docentes negras. "Então",
completa ela, "eu trabalhei com narrativas de vida de professoras da rede
pública e privada do município, trazendo seu contexto histórico, humano, social
e como o racismo vem atravessando essa sociedade". Assim, segundo a
autora, cada professor ou professora negra tem sua representação nas linhas que
seguem tecendo as páginas da obra.
As
histórias que inspiram Cadê a professora? escancaram, na visão da pesquisadora,
atravessamentos sociais que marcaram a docência dessas mulheres: a narrativa do
silêncio imposto, o enfrentamento cotidiano diante do racismo e suas nuances, e
os impactos de um sistema educacional ainda estruturado por desigualdades
raciais. Para a autora, "a vida tem a cor que a gente pinta", e
reconhecer isso implica aprender a olhar o outro por meio de novas lentes.
Dessa forma, Cadê a professora? não é apenas uma obra literária. Para Karine, é
também um instrumento de formação, reflexão e transformação. "É preciso
aprender a olhar o outro através de novas lentes", concluiu a autora. Fonte: Folha do Estado da Bahia.