Por Portal Massa
No mês de janeiro, a saúde pública brasileira ganha um
destaque especial com a campanha Janeiro Roxo, dedicada à conscientização e ao
combate à hanseníase. Sob o tema “Hanseníase: Conhecer e Cuidar de Janeiro a
Janeiro” em 2025, a iniciativa busca reforçar a importância do diagnóstico
precoce, do tratamento imediato e da eliminação do estigma que cerca essa
doença tropical negligenciada. O Brasil ocupa o segundo lugar mundial em número
de casos de hanseníase, atrás apenas da Índia. Apesar de avanços tecnológicos e
de saúde pública, a doença ainda afeta milhares de pessoas, especialmente as
populações mais vulneráveis. Em 2023, a Bahia registrou 1.679 casos da doença,
incluindo 35 em crianças e adolescentes com até 14 anos. Até dezembro de 2024,
os números preliminares apontavam 1.499 casos, sendo 55 em menores de 15 anos.
A hanseníase, causada pelo bacilo Mycobacterium leprae,
afeta principalmente a pele e os nervos periféricos, podendo levar a manchas
sensíveis, formigamento, caroços dolorosos e deformidades físicas em casos
avançados. A doença, transmitida pelas vias aéreas, por meio do espirro, tosse
ou fala, tem cura e o tratamento é oferecido gratuitamente pelo SUS. Assim que
iniciado, o paciente deixa de transmitir o bacilo, mas o atraso no diagnóstico
ainda é um grande desafio. A falta de preparo dos profissionais de saúde é
apontada como um dos obstáculos no combate à hanseníase. “Muitos saem das
escolas sem o conhecimento necessário para diagnosticar doenças negligenciadas.
Isso contribui para diagnósticos tardios, permitindo que pacientes transmitam a
doença por muito tempo antes de serem tratados”, afirma Zilda Afonso Torres
Almeida, coordenadora substituta do Programa Estadual de Controle da Hanseníase
na Bahia.
O governo federal também avança na reparação histórica
relacionada à hanseníase. Um decreto assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula
da Silva regulamenta a pensão especial para pessoas submetidas ao isolamento
compulsório devido à doença. O benefício, que inclui filhos de pacientes,
reconhece os danos causados por políticas segregacionistas. A hanseníase ainda é
um reflexo das desigualdades sociais no Brasil, ligando-se a condições
precárias de moradia, alimentação e saneamento básico. Contudo, a principal
forma de controle continua sendo o diagnóstico precoce e o início imediato do
tratamento, capaz de reduzir o impacto da doença na sociedade.
Além das atividades em janeiro, o Ministério da Saúde incentiva que as ações de prevenção e controle se estendam por todo o ano. A Secretaria Estadual da Saúde da Bahia, por exemplo, organiza capacitações, campanhas educativas e busca ativa de casos suspeitos. Na Semana de Mobilização e Luta contra a Hanseníase, de 27 a 31 de janeiro, o foco estará na sensibilização da comunidade e no diagnóstico precoce. As atividades serão realizadas online e abertas ao público. Entre elas estão: "Hanseníase: Enfrentando o Estigma e Promovendo a Saúde", com inscrição disponível no link https://forms.office.com/r/P3jEiRrHWb; e o webinar "Os Avanços e Desafios da Hanseníase no Brasil", ministrado pelo Dr. Ciro Martins, do Ministério da Saúde, que acontecerá no dia 21 de janeiro, às 9h. As inscrições para o webinar podem ser realizadas no link https://forms.office.com/r/pLnW3F2wPL. (Crédito Portal Massa)