Por g1Bahia
Suspeito foi preso no sábado (9), em Salvador - Foto: Redes sociais
Preso
por suspeita de cometer crimes de importunação, abuso e violação sexual, o
líder espiritual Kléber Aran Ferreira da Silva dizia incorporar o espírito do
médico alemão Adolph Fritz em seus atendimentos. O líder religioso chegava a
falar com sotaque estrangeiro durante os chamados momentos de cura. [Veja vídeo
acima] Nas redes sociais, o suspeito se apresentava como "eleito três
vezes como o maior paranormal da América do Sul". Ele também diz ser
médium de efeito físico, terapeuta holístico e reiki 7º nível. O suspeito é
líder religioso do Templo Ecumênico Amor Supremo, localizado no bairro da
Pituba, em Salvador, há 27 anos. Além disso, ele frequentemente faz
atendimentos em outras cidades, como São Luís, no Maranhão, Manaus, no
Amazonas, e Maceió, em Alagoas.
Em todos os atendimentos de cura espiritual, o suspeito dizia incorporar o espírito de Dr. Fritz. Contudo, não há indícios que o médico alemão tenha de fato existido. Há anos, pessoas que fazem cirurgias espirituais dizem incorporar o espírito deste mesmo homem. Através das redes sociais, o líder religioso vende o curso "Despertando a Intuição: Uma Jornada para o Crescimento Pessoal e Profissional", que custa R$ 197. "Ao adquirir este curso de crescimento pessoal e profissional com Mesttre Aran, você não apenas aprimora suas habilidades intuitivas, mas também se torna um agente de mudança na vida das pessoas", diz a descrição do curso.
PRISÃO
EM SALVADOR
Kléber
Aran foi preso durante um evento aberto ao público, em que seriam realizadas
supostas cirurgias e tratamentos espirituais. Conforme a polícia, o homem é
investigado por delitos cometidos contra três mulheres. O mandado de prisão
preventiva expedido pela 4ª Vara de Violência Doméstica e Familiar Contra a
Mulher de Salvador foi cumprido por equipes do Departamento de Proteção à
Mulher, Cidadania e Pessoas Vulneráveis (DPMCV) da Polícia Civil no bairro da
Pituba, onde fica o templo do Amor Supremo.
HISTÓRICO
Em setembro de 2020, o Ministério Público da Bahia (MP-BA) recebeu relatos de quatro pessoas, das quais três eram mulheres, todas da capital baiana. Na época, a defesa de Kléber Aran disse que as acusações eram falsas. Em abril de 2021, o MP-BA cumpriu mandados de busca e apreensão na "Operação Cristal", uma ação conjunta do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco) e da 24ª Promotoria de Justiça de Salvador. O objetivo era complementar as provas dos crimes relatados pelas vítimas.
Na ocasião, o Ministério Público da Bahia (MP-BA) divulgou que as vítimas eram levadas a participar de rituais supostamente religiosos, mas que serviam, na verdade, para "satisfação dos desejos libertinos" do líder religioso. O órgão detalhou que o suspeito conseguia o silêncio das pessoas através de ameaças à integridade física e mental. Durante as investigações, as vítimas mostraram áudios extraídos de conversas no celular. Nas mensagens, o suspeito criava a ilusão que as vítimas "teriam sido escolhidas para serem as guardiãs do Cristal”.
Ainda
conforme informações do Ministério Público, essas pessoas eram cercadas de uma atmosfera de
confiança e apreço, levadas a acreditar que a conduta do investigado partia de
necessidades espirituais. Após a concretização dos crimes, ele submetia as
mulheres a “situações de humilhação e subserviência, permeadas por forte
violência espiritual, psicológica, sexual e até financeira”. Informação do
gBahia.