Por Agência Brasil
Foto: Fernando Frazão/Agência BrasilA Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu neste domingo (20)
uma mulher por suspeita de envolvimento na emissão de laudos errados pelo
Laboratório PCS Saleme, que levaram a infecção de seis pacientes que realizaram
transplantes no estado por HIV. A prisão faz parte da segunda fase da Operação
Verum. A polícia não divulgou a identidade da mulher presa neste domingo (20 de
outubro). De acordo com nota da Polícia
Civil, a operação visa cumprir, além da prisão, oito mandados de busca e apreensão,
“a fim de robustecer a investigação em andamento”. A operação é realizada por
policiais civis da Delegacia do Consumidor (Decon), com o apoio do
Departamento-Geral de Polícia Especializada (DGPE).
A primeira fase da operação prendeu quatro pessoas: o médico
Walter Ferreira, sócio do laboratório PCS Lab Saleme, e os funcionários
Jacqueline Iris Bacellar de Assis, Cleber de Oliveira Santos e Ivanildo
Ferreira dos Santos. Além das diligências deste domingo, segundo a polícia,
estão em andamento a análise dos documentos e materiais apreendidos. As
investigações, conduzidas pela Delegacia do Consumidor, apontam que houve uma
falha operacional no controle de qualidade aplicado nos testes, com o objetivo
de diminuir custos. A análise das amostras deixou de ser realizada diariamente
e se tornou semanal. Está em curso também inquérito que investiga o processo de
contratação do laboratório pelo governo do estado. “A força-tarefa do Governo
do Estado visa à rápida elucidação dos fatos e à responsabilização dos
envolvidos em caso de constatação de irregularidades”, informou a Polícia
Civil.
ENTENDA O CASO
Dois doadores tiveram laudos errados para HIV assinados pelo
laboratório PCS Lab Saleme, que era responsável pelas testagens antes que os
órgãos fossem destinados a transplantes no estado do Rio de Janeiro. Os
pacientes foram considerados negativos quando na verdade eram positivos para o
vírus. Por conta disso, seis pacientes foram infectados com HIV em decorrência
dos transplantes. O PCS Lab Saleme foi interditado pela Vigilância Sanitária
local até a conclusão das investigações, com foco na segurança dos
transplantes. Novos exames pré-transplante estão sendo realizados no Hemorio.
A Fundação Saúde, que é vinculada à Secretaria Estadual de
Saúde e é responsável por gerir as unidades da rede estadual, convocou, de
forma emergencial o segundo colocado em pregão, para assumir o lugar do
laboratório PCS Lab Saleme. Uma nova licitação está sendo preparada. O
laboratório PCS Lab Saleme teve pelo menos três contratos com a Fundação Saúde.
O laboratório tem, entre seus sócios, familiares do deputado federal Dr.
Luizinho (PP-RJ), que foi secretário estadual de Saúde de janeiro a setembro de
2023. Em nota divulgada por sua assessoria no último dia 11, o parlamentar
disse que quando era secretário jamais participou da escolha deste ou de
qualquer laboratório.
O caso, sem precedentes, é considerado grave pela Secretaria
de Estado de Saúde (SES) e pelo Ministério da Saúde. A Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa), as Vigilâncias Sanitárias estadual e municipal e
o Sistema Nacional de Transplantes (SNT) do Ministério da Saúde coordenam uma
série de ações para investigar a infecção por HIV de pacientes transplantados
no estado do Rio de Janeiro. Fonte: Agencia Brasil.