Por Secom-Bahia
Flávio Matos disputa prefeitura de Camaçari pelo União Brasil - Foto: Reprodução/Instagram @flaviomatosoficiall.
Os números chamam atenção. A campanha de Flávio Matos (União
Brasil), candidato à Prefeitura de Camaçari, apresentou um gasto superior a R$
1 milhão apenas com combustível, de acordo com dados fornecidos à Justiça
Eleitoral. O Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro)
confirma que o volume de combustível utilizado, que soma 40.964 litros, seria
suficiente para ir à Lua e quase voltar, utilizando o carro a combustão mais
econômico disponível no Brasil. Conforme a tabela de eficiência energética do
Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBEV) de 2024, se Flávio estivesse
dirigindo um Renault Kwid – que faz 15,7 km por litro em rodovias, seria
possível percorrer 643.146 km com o combustível utilizado em sua campanha. Para
efeito de comparação, a distância entre a Terra e a Lua é de 384.042 km, ou
seja, ele poderia quase completar o trajeto de ida e volta entre os dois corpos
celestes.
Por outro lado, se Matos tivesse optado por uma Ferrari Puro
sangue, o carro mais “beberrão” vendido no Brasil, com consumo de 4,1 km por
litro em trechos urbanos, ele teria rodado apenas 167.955 km com o combustível
adquirido o que equivale a quatro voltas completas ao redor da Terra pela linha
do Equador. Além do consumo elevado, outra questão que levanta suspeitas é a concentração
das compras em apenas três postos de combustível, todos pertencentes ao mesmo
proprietário. Notas fiscais revelam gastos de até R$ 31 mil em uma única
transação, um valor expressivo e difícil de justificar dentro dos limites
estabelecidos pela legislação eleitoral.
A suspeita de irregularidades, incluindo possível compra de votos, também pesa. As carreatas, que deveriam ser eventos transparentes e comunicados à Justiça Eleitoral, parecem ter se tornado uma oportunidade para distribuição indevida de benefícios a eleitores. Embora o Tribunal Superior Eleitoral permita o fornecimento de até 10 litros de combustível por veículo em campanhas, há indícios de que esses limites foram ultrapassados, configurando desvio de finalidade. Com a eleição se aproximando, os eleitores de Camaçari devem questionar se o alto consumo de combustível reflete um descompasso entre o discurso de eficiência defendido por Matos e as práticas observadas durante sua campanha. Fonte: Secom-Bahia.