Por Clóvis Gonçalves
Seis pessoas foram presas suspeitas de fornecer carne de
cavalo para lanchonetes de Caxias do Sul, na serra gaúcha. As prisões
aconteceram durante a Operação Hipo, do Ministério Público do Rio Grande do Sul
(MP/RS) deflagrada na manhã desta quinta-feira, 18. As investigações iniciadas
há dois meses apontaram que um grupo mantinha um abatedouro ilegal e vendia as
carnes aos estabelecimentos sem nota fiscal “certamente por um valor mais
barato”, afirmou o promotor de Justiça Alcindo Luz Bastos, coordenador do Grupo
de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) durante coletiva
realizada no final da manhã na sede do MP da cidade serrana. Além das prisões,
a operação também cumpriu 15 mandados de busca e apreensão. As investigações
iniciaram após relatos enviados ao MP/RS pela Inspetoria de Defesa Agropecuária
de Caxias do Sul, segundo as quais um abatedouro clandestino estava
sacrificando cavalos e triturando a carne para vender a estabelecimentos da
cidade e da região. Depois da denúncia, o MP/RS conseguiu autorização da
Justiça para interceptar conversas dos suspeitos
Com a análise das conversas, os investigadores descobriram
que o abatedouro fornecia grandes quantidades de carne em forma de hambúrgueres
e bifes aos estabelecimentos. Através de testes de DNA foi confirmado que a
proteína vendida como gado era na verdade carne de cavalo. Para comprovar a
prática ilegal, o Gaeco comprou hambúrgueres em três estabelecimentos que
tinham o abatedouro como fornecedor. A perícia confirmou a presença da carne
equina nas hamburguerias Miros Burguer e Natural Burguer. Os suspeitos também
misturavam ao produto carnes de peru e suíno, e distribuíam cerca de 800kg de
carne por semana. Além de misturar carne de cavalo, os responsáveis pelo
abatedouro também alimentavam porcos com restos de restaurantes. De acordo com
Alcindo Bastos, cerca de 60% das hamburguerias de Caxias do Sul tinham o
abatedouro ilegal como fornecedor. Isso será investigado, mas, desde já,
reforça a importância de que os estabelecimentos jamais adquiram produtos sem
inspeção.”
O Ministério Público também afirmou que, além de não ter autorização para
abate e comercialização de carnes, o local de processamento dos produtos também
estava em péssimas condições de higiene. O esquema era coordenado por quatro
pessoas. Três homens lidavam diretamente com o abate e processamento enquanto uma
mulher, parente dos outros três, exercia a função de telefonista, tendo
conhecimento das práticas ilegais e auxiliando no esquema. Um outro homem
ligado a família, era responsável por recolher os restos de alimentos em
estabelecimentos da cidade para serem usados como ração de porcos. A
comercialização era de responsabilidade de um sexto homem, enquanto outros dois
faziam os hambúrgueres. As escutas apontam também a utilização de carne
estragada, lavada para tirar o odor e misturada a outras na confecção dos
hambúrgueres. Há indícios, ainda, de que alguns dos animais abatidos pelo grupo
seriam subtraídos de carroceiros, sendo que os próprios carroceiros estariam
furtando os cavalos uns dos outros para fornecer ao abate para o grupo
criminoso. (Correios)nsformação e Fortalecimento social na vida de qualquer indivíduo”. (Voz da Bahia).
