Por Clóvis Gonçalves
O fenômeno do crescimento numérico dos evangélicos na
sociedade motivou o surgimento de comércios de nicho, voltado a esse público, e
isso não foi diferente no caso das chamadas sex shop. No Rio, duas fiéis
encontraram o filão e estão se tornando conhecidas entre os irmãos na fé. A
assembleiana Carolina Marques, que já tinha um filho de um relacionamento
anterior, disse ter esperado o casamento com o atual marido para praticar o
sexo. Depois de formalizada, a união tem sido apimentada com os produtos que
ela mesma vende em sua sex shop, Love Store Consensual. Um critério usado por
ela para escolher os produtos que oferece na loja é a discrição: “Não tem como
vender produtos chamados ‘ppk louca’,  ‘vai fundo’, isso assusta esse público, pode
acabar afastando”, comentou.
Em entrevista ao portal G1, a empresária, que se formou
massoterapeuta, reforçou a percepção de que o sexo entre evangélicos é visto
como um tabu, e assim, justificou a necessidade de empreendimentos como o dela.
“A ideia é mostrar que o sexo pode ser uma conversa saudável, um assunto para
se tratar sem medo e que começa muito antes da cama. Se a esposa não quer
porque está cansada, o marido tem que pensar se ele tem feito a parte dele na
casa. Às vezes, a mulher só está sobrecarregada com as tarefas, o trabalho, os
filhos”, teorizou. Outra empresária evangélica no mesmo ramo e na mesma cidade
é Andrea dos Anjos, 43 anos, frequentadora de uma Igreja Batista. Sua loja,
Memórias da Clo, também vem ganhando público na zona oeste da Cidade
Maravilhosa.
“São clientes um pouco diferentes da maioria, porque, devido
à religião e a alguns dogmas, ficam envergonhados e constrangidos, mas é um
público fiel. Dou consultoria informalmente”, declarou. Mesmo com o
crescimento, a discrição continua sendo um pré-requisito: “Tenho clientes que
pedem para eu mandar os produtos em caixa de remédio, em saco de padaria, para
que ninguém saiba mesmo”, contou Andrea. Os clientes são 95% de mulheres
segundo as duas empresárias, e corroboram essa constatação: “Tinha medo de ser
julgada. Produtos íntimos, até onde apresentavam pra mim com naturalidade, eram
produtos de higiene. Em uma sex shop normal, me sentia atacada de informação,
imagens apelativas, próteses de genitálias na nossa cara durante o
atendimento”, diz uma das clientes da ConSensual.
Uma cliente da Memórias da Clo reforçou que ter uma
vendedora que compartilhe de sua fé ajudou no processo: “Sou casada há 15 anos,
conversei com meu esposo que uma amiga minha que também é evangélica vendia
esses produtos e se ele aceitaria usá-los para sairmos da rotina […] Mudou
muito o meu casamento, com toda certeza, não é porque somos evangélicas que
também não podemos usar umas coisinhas, né?”, disse, rindo. (Gospel Mais / por
Tiago Chagas)
