terça-feira, 3 de julho de 2018

FILHOS DE VAL BANDEIRA TÊM METRALHADORAS APONTADAS PARA CABEÇA EM INVASÃO DA RESIDENCIA

Por Clóvis Gonçalves

Encapuzados falaram que iam "dar fim" em uma das filhas do traficante

Durante uma das duas invasões à casa de um dos líderes da facção Comando da Paz (CP), Josevaldo Bandeira, o Val Bandeira, os filhos dele tiveram metralhadoras apontadas para suas cabeças. No último dia 28, no bairro de Santa Cruz, homens encapuzados e usando uniformes nas cores preto e cinza arrombaram a porta da casa de Val, procurando-o. Condenado por tráfico, ele foi beneficiado com liberdade condicional no último dia 26, após passar 15 anos preso.  Segundo fontes ligadas à família do traficante, os invasores seriam policiais militares do Batalhão de Choque que, recentemente, ocuparam o complexo do Nordeste, região formada por quatro bairros (Nordeste de Amaralina, Santa Cruz, Vale das Pedrinhas e Chapada do Rio Vermelho).Os policiais pararam as viaturas em um local distante e seguiram a pé até a residência de Val Bandeira. A família pretende denunciar os PMs ao Ministério Público do Estado (MPE). 
No dia 28, na localidade de Sucupira, a casa de Val Bandeira foi invadida em dois momentos distintos. Na primeira vez, todos dormiam. No imóvel estavam a mulher de Val Bandeira, que é pastora, os quatro filhos dele – uma jovem de 18, uma adolescente de 16, uma menina de 9 e um menino de 1 ano e 10 meses, além de duas adolescentes, uma de 17 e outra de 15, vizinhas da pastora. Por volta das 6h, os encapuzados uniformizados arrombaram a porta da casa e já chegaram com as metralhadoras em punho atrás do traficante. “Invadiram, xingaram todo mundo e depois miraram as armas na cara de todos, inclusive os filhos de Val”, contou a fonte ao CORREIO. 
Em determinado momento, os encapuzados chegaram a dizer que iam “dar fim” em uma das filhas do traficante. “Vamos pegar essa aqui”, disse um dos homens armados, olhando para a menina de 9 anos. “Cada dia que ele não aparecer a gente dá o fim em uma”, comentou em seguida o encapuzado. O clima de terror durou aproximadamente duas horas e meia, quando o grupo decidiu deixar a casa. Mas, horas depois, eles voltaram a agir. Desta vez à noite, quando a mulher do traficante, uma pastora, estava na igreja. 
Era por volta das 21h30 quando, novamente, o terror tomou conta da casa do traficante. “Jogaram gasolina e querosene pela casa e disseram: ‘se vierem para dormir, a gente toca fogo pra morrer todo mundo’. Um deles pegou uma faca e rasgou um sofá e depois aplicou golpes num armário como forma de intimidação”, relatou a fonte. Os encapuzados deixaram a casa pouco depois da meia-noite. O CORREIO procurou a Polícia Militar e perguntou o que a corporação tem a dizer sobre a denúncia de que policiais do Batalhão de Choque teriam arrombado e invadido a casa de uma das lideranças do CP. Por meio de nota, a PM respondeu que "não houve atuação da Polícia Militar nessa ocorrência". 
TENSÃO NO NORDESTE DE AMARALINA 
Na mesma semana em que Val deixou a penitenciária, a região onde ele mora registrou mortes e ataques a policiais militares. Três homens, entre eles um taxista, morreram em ataques provocados também por homens encapuzados. Na mesma noite, dois policiais militares foram baleados próximo à Travessa Sucupira, endereço declarado por Val Bandeira à Justiça, antes de ser liberado. O paradeiro dele é desconhecido. Um dos PMs foi ferido na cabeça. Ele foi internado em estado grave, mas não há informações sobre o quadro clínico.

Condenado por crimes como homicídio, tráfico de drogas e associação ao tráfico, Val continuava, segundo a polícia, controlando a venda de entorpecentes no Complexo do Nordeste de Amaralina, mesmo de dentro da cadeia. Considerado o número 1 do Comando da P, ele estava preso na Mata Escura e passou por Sessão de Livramento Condicional na 2ª Vara de Execuções Penais, em Sussuarana. Após a audiência, comandada pela juíza Maria Angélica Carneiro, ficou decidido que ele seria liberado com o dever de seguir determinações da Justiça.