terça-feira, 26 de junho de 2018

SALVADOR-BA: MOTOTAXISTA MORRE APÓS SER BALEADO PELA PM-BA E MP APURA SE TROCA DE TIROS FOI FORJADA POR POLICIAIS

Por Clóvis Gonçalves

Salvador: Mototaxista morre após ser baleado pela PM e MP apura se troca de tiros foi forjada por policiais
Familiares manifestaram contra a morte do jovem (Foto: Reprodução/TV Bahia)
O Ministério Público da Bahia (MP-BA) apura se policiais que participaram de uma ação que acabou com um mototaxista morto, no bairro de São Gonçalo do Retiro, bairro da periferia de Salvador, forjaram uma troca de tiros após o rapaz ter sido baleado. O caso ocorreu no dia 16 de junho. Os PMs envolvidos na ação dizem que o rapaz, identificado como Douglas Andrade Santos, de 20 anos de idade, teria atirado nos agentes durante uma blitz feita na Rua Direta. 
O Ministério Público foi acionado pela família da vítima e apura a acusação. Imagens de câmeras de segurança de estabelecimentos da região registraram a ação. Segundo o MP, vídeos apontam um possível forjamento de provas contra o mototaxista. Nas imagens, é possível ver o momento em que a vítima passa em uma moto, sem esbolçar nenhum movimento contra os policiais, é baleada. Em seguida, o jovem cai na calçada. Posteriormente, os policiais se aproximam da vítima e parecem disparar novamente. "Não vemos em nenhum momento qualquer sinal de que tenha havido disparo, tanto dos veículos, quanto das motocicletas. 
O que nós vemos é um disparo saído da parte traseira do carro [viatura da Polícia Militar]. Em determinado momento, você vai ver um clarão. Vai ver um policial voltando, jogando alguma coisa fora, que se assemelha a uma luva. Nós não podemos dizer. A perícia vai dizer. 
E ver se o que as imagens mostram é uma alteração no local do crime", relatou o promotor público Davi Galo. De acordo com familiares, o mototaxista era morador do bairro de Tancredo Neves, mas estava a caminho de uma festa, em São Gonçalo do Retiro. Após ser baleado, o jovem chegou a ser socorrido e foi levado para o Hospital Roberto Santos, mas não resistiu ao ferimento. Na manhã desta terça-feira (26), um grupo de familiares e amigos do mototaxista realizaram uma manifestação na frente da sede do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), no bairro da Pituba.
Eles pedem justiça. "Cheguei no Roberto Santos, Douglas estava lá sem roupa já. Perguntei: 'cadê Douglas?'. 'O menino deu entrada aqui por queda de moto, não por tiro', foi o que disseram lá. E quando chego lá, meu filho morto. O que é isso? Que polícia é essa, gente? Douglas era meu filho único e estou muito chocada pela forma como eles fizeram com Douglas. E denegrindo a imagem do menino. E aí, como é que vai ficar? A gente quer uma resposta", disse a mãe do jovem, Luciene Santos. A mulher do mototaxista, que não quis se identificar, contou que tem sofrido com o filho, de 3 anos, que pergunta pelo pai. "Para mim é muito difícil meu filho perguntar todo dia pelo pai e você não saber o que responder. É muito complicado. Até quando? A gente só quer justiça", falou. 

Em entrevista à TV Bahia, a capitã da Polícia Militar Eva Cachoeira, que é porta-voz da PM, informou que o caso está sob investigação da Corregedoria da Polícia Militar. "A Corregedoria, quando obteve conhecimento da ação, de pronto instaurou um inquérito policial militar, para realmente verificar e esclarecer a verdade. Que fique bem claro para toda a população que o comando da corporação quer esclarecer a verdade, e sempre com rigor. A corregedoria-geral é forte. Ela não admite qualquer tipo de conduta que desvie do padrão, da técnica e tática que é adotado pela corporação", afirmou a capitã-PM. Ainda segundo a porta-voz, a ação foi registrada como auto de resistência pelos policiais militares que participaram da abordagem. "Foi registrado auto de resistência, a negativa da parada e também a troca de tiros com os policiais. 

As imagens, recebemos hoje. Então, serão encaminhadas para perícia para que a gente realmente consiga esclarecer a verdade sobre a ocorrência", disse. No entanto, segundo a capitã Eva Cachoeira, é prematuro afirmar o que realmente aconteceu durante a ação. Ela pede que testemunhas procurem a Corregedoria da PM para prestar depoimento. "As testemunhas, a gente pede que se dirijam à corregedoria, localizada na Pituba, para que sejam ouvidas também. Para que ajude a corporação a chegar nessa verdade dos fatos", disse. (G1 Bahia)