Por Clóvis Gonçalves
Quatro pessoas morreram após o desabamento de um prédio, no início da manhã desta terça-feira 13 de março, no bairro de Pituaçu, em Salvador. Sete pessoas da mesma família estavam no imóvel no momento do ocorrido, por volta das 6h, e três foram resgatadas com vida. Não há detalhes do estado de saúde delas. O prédio, que tinha quatro pavimentos, fica na Rua Alto de São João. O desabamento aconteceu durante uma forte chuva que atingiu a capital baiana. Em cerca de três horas, três bairros de Salvador registraram um índice de precipitação quase 70% superior ao esperado para todo o mês de março. O imóvel que desabou não ficava em área de risco -- mas há a suspeita de que a construção estava irregular, segunda informações de Sosthenes Macêdo, diretor geral da Defesa Civil de Salvador.
"Não é uma irregularidade pontual é a técnica de construção que não é feita em cima das bases que a engenharia preconiza. O visual da edificação que permite afirmar isso. Se você observar a espessura da laje, o peso que foi empregado, realmente gera muito problema para uma base que não tinha capacidade de tolerar [o peso da construção]", explicou. Os mortos foram identificados como Rosemeire Pereira de Jesus, de 34 anos; Robert de Jesus, de 12 anos; Artur de Jesus, 1 ano; Alan Pereira de Jesus, 31 anos. Rosimeire era mãe de Robert e Artur e irmã de Alan. Os três resgatados com vida são Alex Pereira de Jesus, de 29 anos; a mulher dele, Beatriz, de 30 anos; e a filha do casal, Sabrina Menezes, de 11 meses. Segundo Juliana Portela, da Secretaria de Promoção Social e Combate à Pobreza (Semps), os três moravam no andar de cima do prédio. Eles foram levados para o Hospital Geral do Estado (HGE). No andar de baixo moravam Alan e Rosimeire, que são irmãos de Alex, além dos dois filhos dela, que morreram.
O primeiro corpo resgatado foi o de Robert, de 12 anos, por volta das 7h30. Por volta das 11h20, foi resgatado o corpo de Alan. Ao meio dia, o corpo de Artur, de 1 ano, foi retirado dos escombros. Já o de Rosimeire, foi removido do local da tragédia por volta das 12h50. O corpo de Alan foi reconhecido pela pela mãe dele, Iara Maria Silva de Jesus, 55 anos, no carro do DPT, ainda na região da tragédia. "Uma dor que não consigo descrever. Ele morava aí há cerca de dois anos. Morava embaixo, no térreo com a irmã Rosimeire e os sobrinhos Robert e Artur", disse Iara. Quatro ambulâncias do Samu, unidades do Corpo de Bombeiros e um helicóptero do Graer atuaram no local do resgate. "Para mim é uma emoção estar ajudando esse pessoal. Como foram eles, poderia ser qualquer um da gente. Fomos nascidos e criados junto, vizinhos, praticamente", disse o modelador naval, Thomaz Chavier, que ajudou nas buscas. Outra mulher que não estava no prédio, Rosângela Santana de Jesus, de 30 anos, passou mal e foi encaminhada para atendimento médico pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Os corpos que foram removidos do local do desabamento serão periciados por equipes do Departamento de Polícia Técnica (DPT).
CONSTRUÇÃO
O prédio ficava no final de um beco estreito na Rua Alto do São João. Moradores se aglomeraram no espaço para acompanhar o resgate das vítimas, e a quantidade de pessoas no caminho chegava a atrapalhar a passagem das equipes. O diretor-geral da Defesa Civil de Salvador, Sosthenes Macedo, informou que um dos moradores que sobreviveu disse que o prédio era dividido em quatro pavimentos: subsolo, térreo, primeiro e segundo andar. A construção teria cinco anos. O diretor-geral afirmou, ainda, que a avaliação preliminar é de que a construção do prédio era irregular. "Somente depois da área limpa, para enxergar a fundação, a estrutura que foi construída, para fazer o levantamento da edificação. Só com o término do procedimento", detalha. "Os engenheiros informam que muito provavelmente foi uma falha na técnica de construção da edificação, que pode ter gerado esse tipo de situação, somado com a chuva", disse Sosthenes Macedo.
Segundo Juliana Portela, da Semps, duas casas vizinhas ao prédio foram danificadas com o desabamento e outras duas correm risco de desabar. Os imóveis foram isolados e as famílias devem receber auxílio-moradia da prefeitura. "O auxílio-moradia é no valor de R$ 300, e o auxílio-emergência vai de um a três salarios míninos, a depender das perdas. É prudente que elas (moradores) não retornem. Elas podem rertornar para buscar pertences, acompanhados de engenheiro, a depender da avaliação desse profissional. Esses imóveis serão demolidos", disse Juliana. Em nota, a prefeitura informou que atua na localidade no trabalho de resgate, no suporte psicológico e assistencial às famílias e na limpeza da área.(Fonte: G1)