Por Clóvis Gonçalves
Diante de tantas vidas perdidas por conta do uso banalizado das drogas, três mulheres são exemplos de perseverança. Elas foram ao fundo do poço e hoje fazem tratamento no Centro de Recuperação Nova Vida, em Feira de Santana, provando que o recomeço é possível.
Jaqueline Lacerda, de 39 anos, viveu os extremos. Prestava serviço para a Petrobrás, através de uma empresa terceirizada, e tinha uma vida confortável. Ao relatar a sua dependência química de cocaína, ela diz que perdeu tudo o que conquistou.
“Eu tinha minha casa, tinha transporte. Eu tinha condições financeiras e só tive noção depois que perdi tudo. A droga não tem classe e nem cor, está aberta para qualquer um. É uma ladeira pra baixo, leva o ser humano a sair de si. Pegava dinheiro emprestado e não conseguia pagar”, relatou Jaqueline, em entrevista ao De Olho na Cidade (Sociedade News).
Há quase um ano fazendo tratamento, Jaqueline tem planos de estudar e dar um rumo mais promissor à vida. Aprovada em um vestibular na Universidade Estadual de Feira de Santana, ela trancou a matrícula para continuar o tratamento. Mas o desejo é voltar à universidade em breve. Outro exemplo de reviravolta no destino vem de Janaína Alves, 32. Aos dez anos de idade, já estava nas ruas de São Paulo, usando crack. Abandonada pela mãe, ela deixou o lar depois de ser abusada sexualmente pelo pai.
“Foi uma experiência muito ruim. Fui crescendo e sempre morando na rua. Quando lembrava dos problemas, dava vontade de beber e usar drogas. Agora eu quero seguir só a Deus. Agradeço tudo a ele”, testemunhou Janaína, que chegou a ser presa em Feira de Santana e perdeu a guarda do filho por conta da vida no submundo das drogas. Aos poucos, ela está reconquistando o filho, fazendo visitas semanais em um orfanato onde ele está morando.
Já Elisabete Carvalho, 30, foi usuária de drogas durante 21 anos. O início foi aos nove. “Comecei com o cigarro. Cheguei ao crack, que é o fundo do poço. Mas, com força de vontade e com Deus, a vitória é certa”, declarou.
Jaqueline, Janaína e Elisabete estão entre as dez mulheres que fazem tratamento no Centro Nova Vida. A unidade feminina iniciou as atividades em junho de 2016 e tem capacidade para 30 mulheres. Já o atendimento aos homens é feito há 30 anos. O Centro é mantido por doações e conta com o trabalho de voluntários, sediado no povoado de Magalhães, em São Gonçalo dos Campos. O telefone de contato é 3221-1030.