segunda-feira, 8 de maio de 2017

APÓS MORTE DA AVÓ NETA DESABAFA: "TÁ AFIM DE SER COZINHADO PRÁ MORTE VÁ PARA O HOSPITAL DE SIMÕES FILHO

Por Clóvis Gonçalves
Todos os dias, doentes em busca de ajuda enfrentam jornadas inacreditáveis em Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador (RMS). Alguns querem esconder a realidade, mas boa parte da população quer denunciar. Morreu neste domingo (7 de maio), no Hospital Municipal de Simões Filho, a Massoterapêuta Tomásia da Conceição, 60 anos, que ficou internada em estado grave por dois dias.
Segundo a Estudante de Design Gráfico, Taynana Silva, 20 anos, sua avó teve um derrame e dois Acidentes Vasculares Cerebrais AVC e precisava de uma UTI (Unidade de Terapia Intensiva). “Corri atrás de todos os contatos possíveis, não tive eficácia no contato com o prefeito. Ninguém conseguiu na verdade“, disse.
“Minha avó foi internada no Hospital Municipal de Simões Filho na madrugada da última sexta-feira (5 de maio). Ela tinha um quadro que poderia ser feito uma transferência, o caso dela era grave. Pois bem, minha avó foi medicada dias com noradrenalina e teve várias paradas cardíacas. Isso tudo porque ‘Simões Filho não tem uma UTI, Não tem um sistema completo'”, afirmou Taynana Silva ao site Simões Filho Online, parceiro do Aratu Online.
“Entrei no Hospital Municipal e me deparei com uma “sala vermelha” que mesmo sendo ignorante a respeito do sistema de saúde é nítido que aquilo ali não tem suporte suficiente pra um paciente em estado grave. Devo ir ao hospital em busca de quê? Curar uma virose? Acho que eles devem ter remédios para gripe pelo menos”, desabafou a jovem.
Taynana continuou o seu desabafo relatando o descaso vivenciado pela sua família e revelando de maneira dramática as grandes diferenças que ainda existem entre os mais ricos e os mais pobres. “Minha avó é só mais um dos exemplos de pessoas negligenciadas pelo Sistema Único de Saúde e esse Sistema político nojento. Todas as pessoas que eu procurei automaticamente me falaram: você precisa conhecer políticos pra conseguir essa vaga…”,  contou
“Depois de ser fritada há dias voltando da morte, minha avó finalmente morreu. E eu fico aliviada, porque como disse a minhas amigas, desde quinta-feira (4/5) estavam brincando de casinha com minha avó, brincando de boneca, preparando um corpo há dias, afinal sem regulação, sem influência política, você está condenado à morte nessas situações”, apontou a neta da idosa.
“Por isso, digo, se você for pro Hospital Municipal de Simões Filho, ou você está com virose ou ‘tá afim de ser cozinhado pra morte’. Afinal sem recursos, não se salva vidas”, finalizou. A Massoterapeuta Tomásia da Conceição, 60 anos, tinha três filhos e era moradora do Bairro Jardim Renatão. O Sepultamento vai acontecer nesta segunda-feira (8/5), no Cemitério São Miguel.
O site Simões Filho Online tentou contato com a administração do hospital, sem sucesso até a publicação desta matéria. O Hospital  Municipal de Simões Filho é administrado pela Associação de Proteção á Maternidade e a Infância de Castro Alves (APMI), que recebe mensalmente mais de R$ 2 milhões, segundo o Portal da Transparência. A reportagem também tentou contato com a Assessoria de Comunicação da Prefeitura Municipal de Simões Filho, mas as ligações não foram atendidas.