Por Clóvis Gonçalves
Associação Proteste lançou petição para estender o
prazo de garantia para 2 anos
Entre
os eletrônicos e eletrodomésticos comprados no Brasil, 45% dão defeito antes de
completarem dois anos de uso.
São
Paulo - A Associação Brasileira de Defesa do Consumidor
Proteste lançou uma campanha para que produtos tenham prazo de garantia de dois
anos. E não à toa. Entre os eletrônicos e eletrodomésticos comprados no Brasil,
45% dão defeito antes de completarem dois anos de uso. Os campeões são as
câmeras fotográficas, os computadores e os tablets. Quando quebram, 74% dos
consumidores preferem substituí-los por um novo, sem recorrer às assistências
técnicas, devido ao alto custo do serviço.
Diante dos resultados da pesquisa, a
Proteste lançou a campanha nas redes sociais para ampliar o prazo da garantia
legal, que hoje é de apenas três meses, para dois anos. Na petição para mudar a
lei, é justificado que se a garantia fosse mais longa, os fabricantes tenderiam
a investir em produtos mais duradouros. A garantia legal dos produtos na
maior parte do Reino Unido é de seis anos e no restante da Europa, de dois
anos.
Além da ampliação do prazo de
garantia, a associação pede que a vida útil do produto passe a ser informada no
manual, atendendo ao direito à informação, garantido pelo Código de Defesa do
Consumidor.
Produtos novos
Segundo a associação, os consumidores
ficariam mais tempo com os equipamentos se não tivessem custos para reparo.
Para a maioria dos 800 entrevistados (62%), o defeito se verificou pouco depois
de a garantia terminar. A pesquisa apontou que mesmo quem procurou por uma
assistência técnica antes de comprar outro produto não optou pelo conserto
(81%), pois o preço cobrado pelo serviço era elevado.
Para 60% dos entrevistados que
compraram outro produto e decidiram manter aquele que deu defeito em casa, a
razão para tal é a esperança de um dia tê-lo consertado. Porém, nem sempre isto
é possível, pois eles não encontram peças de reposição no mercado. De acordo
com a lei, os fabricantes deveriam oferecer peças durante toda a vida útil dos
aparelhos. Itens menores, como secadores de cabelo e ventiladores, são os que
mais ficam sem conserto nas casas dos consumidores após serem substituídos.
O hábito aumenta a quantidade de lixo
tecnológico acumulado nas casas e jogado no meio ambiente. Menos de 3% dos
participantes afirmaram terem devolvido à loja os produtos substituídos por um
novo. E outros 3% entregaram em um ponto de coleta indicado pelo fabricante.
Pressionados pelos novos lançamentos
que a indústria faz num intervalo de tempo cada vez menor, a maioria dos
entrevistados (89%) julga que no passado os produtos apresentavam vida útil
maior. A pesquisa apontou que televisão e celular foram os produtos mais
comprados no último ano.
Metodologia
A pesquisa foi realizada pela
Proteste entre 13 de junho a 18 de julho último, em todo o país, e envolveu
domicílios em que pelo menos um produto eletrônico ou eletrodoméstico tivesse
sido comprado nos últimos doze meses, dentre eles: ar-condicionado, câmera
fotográfica, celular, computador, ferro de passar, fogão, micro-ondas,
geladeira, impressora, lavadora, liquidificador, secador de cabelo, tablet,
televisão e ventilador.
Os respondentes pertencem às classes
A, B e C, sendo que a maioria deles (80%) tem mais de 30 anos de idade. Grande
parte dos entrevistados (70%) é do sexo feminino. Foram entrevistadas apenas as
pessoas que afirmaram serem os tomadores de decisão de compra da casa.(estadão)