Por Correio 24 Horas
Desfecho dessa história é surpreendente Crédito: Imagem: Reprodução Globo Repórter.
Rejaniel de Jesus e Sandra Regina, um casal em situação de rua no Tatuapé, Zona Leste de São Paulo, fizeram mais do que devolver uma bolada de R$ 20 mil: eles pavimentaram o próprio caminho de volta à dignidade e à vida. Entregador encontra bolsa cheia de dinheiro e mobiliza moradores para devolver a vendedor de frutas: “Me coloquei no lugar dele”. O gesto de honestidade, realizado mesmo quando eles tinham apenas um único real em seu nome, tocou profundamente o empresário Miguel Kikuchi, proprietário do restaurante japonês que foi vítima do assalto. Honestidade Entregador encontra carteira cheia de dinheiro e mobiliza moradores para devolver ao dono.
Higor Victor encontrou a quantia em Campo Grande e mobilizou vizinhos para localizar o dono por Reprodução.
A
recompensa que veio não foi apenas monetária, mas sim a mais valiosa de todas:
a chance de um recomeço completo, com capacitação profissional, emprego e a
promessa de um lar, longe da frieza do viaduto. A generosidade inesperada do
dono do restaurante Ao descobrir que o casal que havia devolvido o dinheiro era
formado por pessoas em situação de rua, Miguel Kikuchi, o chef do restaurante
japonês, percebeu que uma simples recompensa em dinheiro seria insuficiente
para eles. O proprietário, em conversa com seus sócios, ponderou sobre a melhor
forma de retribuir a atitude nobre de Rejaniel e Sandra. "Poderíamos dar
metade do dinheiro, mas eles não sairiam da rua apenas com isso", contou
Kikuchi.
A
ideia não era apenas premiar o ato, mas sim oferecer uma mudança de vida
estrutural, um apoio que realmente pudesse tirá-los da condição precária em que
se encontravam. A honestidade merecia um prêmio maior. O primeiro passo foi
simbólico e afetuoso. O casal foi convidado para uma refeição farta no próprio
estabelecimento, com direito a bife e batata, uma pausa deliciosa na rotina de
quem revirava lixo para sobreviver.
O
QUE ERA UMA BOLADA VIROU CHANCE DE FUTURO
O
dinheiro encontrado, R$ 20 mil, era o que havia sido levado do restaurante em
um assalto na semana anterior. Rejaniel e Sandra encontraram o malote e um saco
de moedas abandonados por assaltantes apressados.Mesmo com R$ 17 mil em notas e
R$ 3 mil em moedas nas mãos, eles não vacilaram. A ligação para a polícia foi o
ponto de virada, que não apenas garantiu o dinheiro de volta ao dono, mas
também o futuro do casal. Miguel, ao tomar conhecimento de toda a situação, fez
então a grande proposta. O casal teria que escolher entre duas opções de
prêmio: uma viagem bancada para o Maranhão ou Paraná, para visitar suas
famílias. A segunda opção era a mais ambiciosa: o oferecimento de condições
concretas para que ambos pudessem recomeçar a vida fora da rua, com emprego e
capacitação. E a escolha feita foi pela dignidade duradoura.
NOVAS
PROFISSÕES E O ADEUS AO VIADUTO
A capacitação e o emprego foram o prêmio escolhido, rechaçando a viagem e até mesmo uma recompensa em dinheiro. O casal estava na rua há três longos anos, sobrevivendo com cerca de R$ 100 por mês, catando recicláveis. A perspectiva de uma carreira era muito mais valiosa. "Vou ganhar treinamento para me capacitar e aprender alguma coisa", disse Rejaniel de Jesus, já vislumbrando as novas oportunidades que se abririam para ele. Rejaniel não impôs limites: "Da limpeza até a cozinha, posso trabalhar onde quiserem". Sua disposição e integridade garantiram-lhe o cargo de auxiliar de serviços gerais no restaurante, iniciando sua jornada formal. Sua esposa, Sandra Regina, não ficou para trás. Ela foi admitida como auxiliar de cozinha, garantindo uma fonte de renda estável para o casal e a chance de saírem de vez da vida precária no viaduto.
A
honestidade, que se manifestou na escuridão da noite paulistana, acendeu uma
luz sobre o futuro do casal. Eles deixaram a condição de catadores de lixo para
se tornarem trabalhadores formais e respeitados. A felicidade era visível no
rosto de Sandra, que pôde finalmente traçar um novo horizonte: "Não quero
voltar nunca mais para lá", declarou a auxiliar de cozinha, expressando o alívio
de um recomeço completo. O desfecho do caso prova que a recompensa por um ato
de caráter não se resume a valores materiais, mas sim à recuperação da
autoestima, da dignidade e da integração a uma sociedade que, por vezes, os
ignora.Fonte da Informação Correio 24 Horas.