Por Band News
Foto: BandNews TV/Reprodução
A
Justiça do Rio Grande do Sul absolveu na última quinta-feira,(24 de outubro) um homem de 58
anos acusado de homicídio qualificado por tentar matar o próprio filho. O caso
aconteceu em julho de 2017 quando o homem, que estava sob efeito de drogas,
atingiu o filho com golpes de facão durante uma briga. O rapaz esfaqueado
sobreviveu. O pai chegou a ficar preso por sete meses, entre agosto de 2017 e
março de 2018.
Segundo
a Defensoria Pública do Estado, o homem sofreu um Acidente Vascular Cerebral
durante o processo, teve os movimentos do corpo comprometidos e começou a usar
cadeira de rodas. Ele também passou a receber os cuidados da mãe, uma idosa de
cerca de 80 anos de idade. A defensora pública do caso, Tatiana Boeira, contou
para Paula Valdez, no Tarde Band news, os detalhes da história:
“A
defensoria tem essas nuances. A gente, muitas vezes, conhece as pessoas que a
gente vai defender no dia do julgamento. Nesse caso, eu cheguei no Fórum e me
deparei com uma senhora que perto dos 80 anos, empurrando a cadeira de rodas.
Ela era a mãe do réu e me contou a história da vida dela.
Ela
saiu de uma cidade do interior do estado com dois filhos pequenos, sozinha,
porque o marido tinha abandonado, e veio para Porto Alegre trabalhar.
Analfabeta, ela não sabe ler nem escrever até hoje, essa mulher trabalhou como
diarista, sustentou esses filhos e não conseguia entender por que um partiu
para essa situação de ser viciado em crack. Ela carregava uma culpa com misto
de frustração”, relata a Defensora.
Em
um caso raro na justiça brasileira, e em um exemplo de perdão, o filho, que foi
vítima do pai, foi intimado pela Justiça, não compareceu ao julgamento e
manifestou ao Ministério Público o desejo de que o pai não fosse condenado,
abrindo espaço para o pedido de clemência, “Quem cuidou do pai no hospital
quando ele sofreu o AVC, foi esse filho. Aí eu ouvi aquele relato, fiquei muito
emocionada, mas ainda não tinha noção o que que eu ia fazer.
Quando,
no dia do julgamento, vi a mãe tirar o réu na cadeira de rodas sozinha, levar
para o banheiro para deficientes e trocar as fraldas, percebi que ali talvez eu
tivesse um espaço para trabalhar e sustentei o pedido de clemência, não para o
réu, mas para a mãe do réu. Em homenagem àquela senhora”, relembra Tatiana. A
absolvição, com base no pedido de clemência apresentado pela Defensoria, foi
acolhida pelos jurados por quatro votos a dois.
“A
família já tinha restaurado os laços familiares. O filho já estava com as
feridas cicatrizadas, e não havia interesse em punir aquela pessoa naquela
situação, porque isso ia causar um dano maior ainda àquela senhora. Foi com
base nessa argumentação que eu consegui sensibilizar os jurados”, conclui a
Defensora Pública. Fonte da Informação: Band News.