sábado, 25 de outubro de 2025

EM CASO RARO NA JUSTIÇA BRASILEIRA, HOMEM QUE TENTOU MATAR FILHO É ABSOLVIDO POR PEDIDO DE CLEMÊNCIA FEITO PELA VÍTIMA

Por Band News

Foto: BandNews TV/Reprodução

A Justiça do Rio Grande do Sul absolveu na última quinta-feira,(24 de outubro) um homem de 58 anos acusado de homicídio qualificado por tentar matar o próprio filho. O caso aconteceu em julho de 2017 quando o homem, que estava sob efeito de drogas, atingiu o filho com golpes de facão durante uma briga. O rapaz esfaqueado sobreviveu. O pai chegou a ficar preso por sete meses, entre agosto de 2017 e março de 2018.

Segundo a Defensoria Pública do Estado, o homem sofreu um Acidente Vascular Cerebral durante o processo, teve os movimentos do corpo comprometidos e começou a usar cadeira de rodas. Ele também passou a receber os cuidados da mãe, uma idosa de cerca de 80 anos de idade. A defensora pública do caso, Tatiana Boeira, contou para Paula Valdez, no Tarde Band news, os detalhes da história:

“A defensoria tem essas nuances. A gente, muitas vezes, conhece as pessoas que a gente vai defender no dia do julgamento. Nesse caso, eu cheguei no Fórum e me deparei com uma senhora que perto dos 80 anos, empurrando a cadeira de rodas. Ela era a mãe do réu e me contou a história da vida dela.

Ela saiu de uma cidade do interior do estado com dois filhos pequenos, sozinha, porque o marido tinha abandonado, e veio para Porto Alegre trabalhar. Analfabeta, ela não sabe ler nem escrever até hoje, essa mulher trabalhou como diarista, sustentou esses filhos e não conseguia entender por que um partiu para essa situação de ser viciado em crack. Ela carregava uma culpa com misto de frustração”, relata a Defensora.

Em um caso raro na justiça brasileira, e em um exemplo de perdão, o filho, que foi vítima do pai, foi intimado pela Justiça, não compareceu ao julgamento e manifestou ao Ministério Público o desejo de que o pai não fosse condenado, abrindo espaço para o pedido de clemência, “Quem cuidou do pai no hospital quando ele sofreu o AVC, foi esse filho. Aí eu ouvi aquele relato, fiquei muito emocionada, mas ainda não tinha noção o que que eu ia fazer.

Quando, no dia do julgamento, vi a mãe tirar o réu na cadeira de rodas sozinha, levar para o banheiro para deficientes e trocar as fraldas, percebi que ali talvez eu tivesse um espaço para trabalhar e sustentei o pedido de clemência, não para o réu, mas para a mãe do réu. Em homenagem àquela senhora”, relembra Tatiana. A absolvição, com base no pedido de clemência apresentado pela Defensoria, foi acolhida pelos jurados por quatro votos a dois.

“A família já tinha restaurado os laços familiares. O filho já estava com as feridas cicatrizadas, e não havia interesse em punir aquela pessoa naquela situação, porque isso ia causar um dano maior ainda àquela senhora. Foi com base nessa argumentação que eu consegui sensibilizar os jurados”, conclui a Defensora Pública. Fonte da Informação: Band News.