quinta-feira, 14 de agosto de 2025

PADRE É ALVO DE AÇÃO DA FAMÍLIA DE PRETA GIL POR RACISMO RELIGIOSO

Por Atarde

Episódio ocorreu durante uma transmissão ao vivo no fim de julho - 

Gilberto Gil e Flora Gil enviaram uma notificação extrajudicial à Diocese de Campina Grande após o padre Danilo César ironizar a fé de Preta Gil, morta recentemente. A família da cantora cobra uma retratação pública e punição ao sacerdote. O episódio ocorreu durante uma transmissão ao vivo no fim de julho, quando o padre chamou religiões afro-brasileiras de “forças ocultas” e insinuou que os orixás não teriam “ressuscitado” a cantora. Na notificação enviada à diocese, os pais de Preta Gil afirmam que as declarações configuram intolerância religiosa e ferem a memória da filha.

“Passados mais de 15 dias do fato, não houve manifestação pública ou qualquer comunicado feito à família com intuito de retratação das graves ofensas. Com todo respeito, а omissão de Vossa Excelência Reverendíssima e de Vossa Reverência contribui para perpetuar o estado de desrespeito à família, à memória da Sra. Preta Gil e às religiões de matrizes africanas”, diz o documento. A família exige uma resposta em até dez dias. Caso não haja manifestação, existe a possibilidade de medidas judiciais contra o padre e a diocese.

ENTENDA O CASO

Durante uma missa realizada na cidade de Areial, no interior da Paraíba, o padre Danilo César fazia uma homilia no 17º Domingo do Tempo Comum, período litúrgico da Igreja Católica. Na homilia, o padre comentava sobre pedidos dos fiéis a Deus que, porventura, não eram atendidos, e associou a fé de Preta Gil em religiões de matriz afro-indígenas à morte e sofrimento da cantora, vítima de câncer colorretal nos Estados Unidos.

A fala foi considerada preconceituosa pela Associação Cultural de Umbanda, Candomblé e Jurema Mãe Anália Maria, de Areial. Após a repercussão do vídeo, o presidente da associação, Rafael Generiano, registrou o primeiro boletim de ocorrência por intolerância religiosa contra o padre. Segundo nota da entidade, as declarações foram condenadas. De acordo com o delegado Danilo Orengo e a delegada Socorro Silva, outros dois boletins de ocorrência foram registrados pelo mesmo fato. Testemunhas estão sendo ouvidas e o padre ainda será chamado a prestar depoimento. O inquérito tem prazo inicial de 30 dias, podendo ser prorrogado conforme necessidade. Fonte: Atarde.