Por Agência Brasil
Foto: Camila Bohem/Agência BrasilUma nova etapa do Programa Cisternas levará mais 50 mil
equipamentos de coleta e armazenamento de água para consumo e produção de
alimentos, além de promover a recuperação de tecnologia existente no semiárido
brasileiro. O edital de chamamento público para organizações da sociedade civil
executarem os projetos foi lançado nesta última sexta-feira (29/11), em Aracaju, pelo
ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome
(MDS), Wellington Dias.
O ministro anunciou que serão investidos R$ 500 milhões na
implementação de 46 mil cisternas com capacidade de até 16 mil litros; 4 mil
cisternas para uso na produção de alimento com tecnologia de segunda água e a
restauração de mais 2,5 mil cisternas na região. “Essa integração com estados,
municípios e com as entidades da sociedade civil tem trazido bons resultados na
linha do Água Para Todos e do Programa de Cisternas”, destacou o ministro sobre
as parcerias firmadas pelo governo federal para execução de políticas públicas.
As organizações com experiência na implementação e restauro
das cisternas têm até o dia 5 de janeiro para apresentar as propostas e
documentações iniciais. Os projetos deverão ser direcionados aos estados de
Alagoas, Bahia, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí e Ceará. Para o
Maranhão, Rio Grande do Norte e Sergipe os projetos também deverão prever
serviço de acompanhamento familiar para a inclusão social e produtiva, conforme
o edital.
O resultado final da seleção das organizações sociais será
anunciado no dia 3 de fevereiro e os projetos deverão ser concluídos em até 3
anos. Criado em 2003, o Programa Cisternas leva tecnologia simples de coleta de
água da chuva e armazenamento que já mudou a vida de milhares de famílias no
semiárido e na Região Amazônica.
MUDANÇAS
Dona Josefa Santos de Jesus, guardiã de sementes crioulas da
comunidade Sítio Alto, em Sião Dias, em Sergipe, é um exemplo da mudança que o
fácil acesso à água pode promover. “Depois da chegada das cisternas, a vida da
gente mudou com mais qualidade. A gente passou a ter mais alegria, mais
felicidade, teve mais renda, porque o tempo que a gente caminhava para pegar um
pote de água, agora a gente faz outros serviços”, explicou a agricultora.
A comunidade Sítio Alto abriga 390 famílias remanescentes de
quilombo, que vivem basicamente da agricultura, mas a dificuldade em acessar a
água forçava as famílias a abandonarem o campo, em busca de outras
oportunidades. Depois que o Programa Cisterna levou tecnologia para as famílias
da região, houve uma mudança visível, disse dona Josefa. “Incentivou o homem do
campo no lugar onde ele vive, que quando eles recebem uma cisterna de calçadão
para trabalhar o quintal produtivo, cria uma felicidade que gera emprego e
renda”.
Para a comunidade, água em casa também significou mais saúde
para as famílias atendidas pelo programa. “As crianças que viviam doentes,
porque tinham hepatite, diarreia, e nunca ficavam com saúde, era a questão da
água, mas depois que a água chegou, as crianças melhoraram”, disse Josefa.
Para o ministro Wellington Dias, esse novo aporte de
cisternas vai continuar a transformar a realidade dessas comunidades, com um
modelo de desenvolvimento sustentável, que “garante ao governo a condição de
alcançar famílias em locais onde não há alternativa de água de subsolo, onde a
água é ferrosa, é salinizada, ou não tem alternativa de uma adutora. E esse é
um caminho simples, porque a própria comunidade faz a manutenção”. Crédito: Agência Brasil.