Por Clóvis Gonçalves
O
ex-presidente do COB (Comitê Olímpico Brasileiro) Carlos Arthur Nuzman foi
condenado a 30 anos e 11 meses de prisão por ter participado do esquema que
envolveu corrupção na vitória do Rio de Janeiro como sede dos Jogos Olímpicos
de 2016. O crime foi desvendado na Operação Unfair Play, que investigou a
compra de votos. A sentença foi proferida na quinta-feira, 25/11, pelo juiz
Marcelo Bretas, titular da 7ª Vara Federal Criminal, que concentra os crimes da
Operação Lava Jato no Rio de Janeiro. Além de Nuzman, que ainda foi multado em
R$ 1,6 milhão, também foram condenados o ex-governador Sérgio Cabral, a 10 anos
e oito meses de reclusão, e o ex-diretor do Comitê Rio-2016 Leonardo Gryner, a
13 anos e dez meses de prisão.
Na
sentença, que possui 57 páginas, Bretas se ateve principalmente a Nuzman,
condenado por crimes de corrupção passiva, pertinência à organização criminosa,
lavagem de ativos, evasão de divisas e concurso material. Segundo denúncia do
Ministério Público Federal (MPF), Nuzman teria obtido enriquecimento ilícito em
poucos anos, tendo sido descoberto que, entre julho de 2014 e setembro de 2017,
ele “ocultou e dissimulou a origem e a propriedade de 16 quilos de ouro, no
valor de R$ 1.495.437,63, provenientes de atividade ilícita, mediante aquisição
e manutenção não declarada em cofre na Suíça”. Para o juiz, o comportamento de
Nuzman foi reprovável. “A culpabilidade é elevada, pois Carlos Arthur Nuzman
foi o principal idealizador do esquema ilícito perscrutado nestes autos e assim
agiu valendo-se do alto cargo conquistado ao longo de 22 anos como presidente
do Comitê Olímpico Brasileiro, razão pela qual a sua conduta deve ser valorada
com maior rigor do que a de um corrupto qualquer”, disse Bretas. “O condenado
dedicou sua carreira pública para tornar o Rio de Janeiro cidade-sede das
Olimpíadas, no entanto, apesar de tamanha responsabilidade social optou por
agir contra a moralidade e o patrimônio público”.
Apesar
de condenado a regime fechado, o juiz possibilitou que Nuzman recorra em
liberdade.
Procurada,
a defesa de Nuzman se pronunciou por nota, por meio de seu advogado, João
Francisco Neto. “O juiz condenou por esporte, sem provas. Nuzman será
inocentado, seguramente. Os tribunais da República não irão prestigiar esta
violência jurídica inominável“. Fonte: Agência Brasil
