A direção do Conjunto Penal de Feira de Santana inaugurou nas dependências da unidade o anexo III do colégio estadual Paulo VI, no pavilhão feminino com quatro salas de aula, além de um berçário. O diretor, capitão-PM Allan Araújo, falou da importância dos berçários, já que seis mulheres deram a luz no presídio de Feira de Santana.
“O equipamento berçário se faz necessário por conta de contemplarmos dentro da estrutura do conjunto penal um pavilhão de mulheres privadas de liberdade e, de forma inovadora, jamais ocorrida, seis mulheres deram à luz, fazendo com que a administração tivesse que tomar essa decisão e buscar recursos para que essas crianças sejam atendidas dentro dos critérios mínimos de boa convivência. Esse berçário vem com o espírito de fazer o que é necessário para que essas crianças convivam bem, pelo menos o período que estão aqui com as mães”, destacou.
Segundo o capitão Allan, as crianças ficam no mínimo seis meses com as mães e no momento da separação é feito um trabalho de acompanhamento psicossocial. Ele explica que as mães são orientadas sobre o processo de separação antes mesmo do nascimento da criança, com todo o cuidado necessário para que o impacto psicológico seja o menor possível.
A assistente social Gisele de Carvalho Morais explicou como as mulheres são assistidas no presídio. Segundo ela, é desenvolvido um trabalho pelo setor biopsicossocial, através de um acompanhamento, que é iniciado ainda no pré-natal. “Temos uma equipe com enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos e também o setor jurídico para viabilizar os direitos que essas mulheres precisam, em todos os aspectos, como saúde, educação, assistência, previdência, benefícios assistenciais após o nascimento do bebê e outros”, informou.
De acordo com ela, materiais como fraldas descartáveis, roupas e acessórios, são fornecidos através de parcerias estabelecidas com a pastoral carcerária, com os evangelizadores que visitam a unidade prisional e com a secretaria de Desenvolvimento Social do município de Feira de Santana. A assistente social informa que 90% das mulheres que estão com os bebês no presídio já deram entrada na unidade grávidas e que somente duas engravidaram na prisão.
O secretário de Administração Penitenciária e Ressocialização da Bahia, Nestor Duarte, disse que o objetivo é melhorar as unidades. “Transformamos um presídio que tinha trezentos e quarenta e poucas vagas em um local com mil quatrocentos e dezesseis vagas. É uma unidade que ficou muito boa e que já estamos com quase mil e novecentos presos”, disse.
Ana Verena Rodrigues Amorim, que é diretora da escola Paulo VI, falou sobre a ideia de construir o anexo no presídio e destacou a importância do acesso à escola para as mulheres que estão privadas de liberdade.
“Já temos a ala masculina e não tínhamos uma escola propriamente dita da ala feminina. Os nossos professores se reuniram e decidiram começar a construção dessa escola. Algumas empresas nos ajudaram, mas a iniciativa foi dos professores. Para haver a ressocialização e a aproximação da realidade, teria que haver uma escola para que elas pudessem experimentar, já que algumas nunca tiveram essa oportunidade de estar numa escola”, afirmou.
Segundo a diretora, as aulas vão ocorrer nos três turnos com educação de jovens e adultos, abrangendo da alfabetização até o ensino médio. O total de 35 professores vai atender as alas masculinas e femininas com cerca de 70 alunos.
O deputado estadual Zé Neto falou da importância das inaugurações no conjunto penal. Ele afirmou que o governo pretende avançar para que futuramente se tenham faculdades dentro do conjunto penal de Feira de Santana. “Valorizar o ser humano, principalmente a mulher, esse é o objetivo. Os dados que temos recebido dão conta de um crescimento da participação das mulheres no mundo crime e isso faz com que a gente tenha mais cuidado. Temos que cuidar das mulheres que chegam aqui e têm filhos. Não adianta deixar esquecido, temos que pensar no ser humano”, destacou. (As informações do Acorda Cidade)