Por Clóvis Gonçalves
Liderada por ladrão de banco, Bonde Do Maluco surgiu dentro do Complexo
da Mata Escura. Facção que comandou toque de recolher na Boca do Rio, nesta
sexta 11 de agosto, domina diversas áreas de Salvador e Região Metropolitana de Salvador.
Um dos cinco grupos criminosos mais atuantes na Bahia, e
considerado o mais violento, o Bonde do Maluco (BDM) surgiu em 2015 no pavilhão
V do Presídio Salvador, no Complexo Penitenciário da Mata Escura. Liderada pelo
assaltante de banco Zé de Lessa, que está foragido, a grupo, que ordenou nesta
sexta-feira (11) toque de recolher e queima de ônibus no bairro da Boca de Rio,
nasceu como uma ramificação da facção Caveira, comandada por Genilson Lima da
Silva, o Perna, atualmente preso no Presídio Federal de Catanduvas, no Paraná.
Quando foi morto, Marcelo 'Marreno' estava com uma identidade falsa com o nome de Mário (Foto: SSP/Divulgação).
O
estopim para as mais recentes ações criminosas do grupo foi a morte de Marcelo
Batista dos Santos, o Marreno, nesta quarta-feira (9 de agosto). Ele era o segundo nome
da facção e morreu em confronto com equipes da Força-Tarefa da Secretaria da
Segurança Pública (SSP), em Camaçari, Região Metropolitana de Salvador. Segundo
a polícia, Marreno era suspeito de 20 homicídios, pelo menos.
Seguindo modelo semelhante às maiores organizações
criminosas do país - Primeiro Comando da Capital (PCC), de São Paulo, e Comando
Vermelho, do Rio de Janeiro, o BDM foi criado para ampliar a área de atuação
da facção Caveira, nesse caso, na Bahia, em alguns pontos estratégicos do
tráfico da capital, como Subúrbio e Cajazeiras, e principalmente na Região
Metropolitana de Salvador.
No entanto, houve um racha e uma parte do grupo mais
agressiva ficou sob o comando do assaltante de banco José Francisco Lumes, o Zé
de Lessa, procurado atualmente pelas polícias Civil, Militar e Federal. Com a
divisão, o BDM, que tem como fornecedor de armas e drogas o PCC, se estabeleceu
em Cajazeiras. Além do grupo, o PCC também abastece as outras grandes facções
do estado. Atualmente, a facção tem atuação em Cajazeiras, Brotas,
parte do Subúrbio e orla (entre a Boca do Rio e Itapuã), Cabula, Garcia, Pau da
Lima e parte da Ilha de Itaparica. A expansão começou por Cajazeiras X.
Zé de Lessa, o chefão
Entre inúmeras tentativas para prendê-lo, Zé de Lessa,
apontado como chefão do BDM, foi o principal alvo da Operação Sapucaia,
realizada em abril do ano passado pela Polícia Federal na Bahia e no Mato
Grosso do Sul, com o objetivo de cumprir 13 mandados de prisão. Ele é o três de
ouros do Baralho do Crime da SSP, um arquivo que reúne os principais criminosos
do estado. O bandido foi caçado em Mato Grosso do Sul, na fronteira com o
Paraguai. Dos 13 mandados de prisão, a Polícia Federal conseguiu cumprir oito.
Alguns deles, dentro do próprio sistema penitenciário baiano. O alvo da
operação é apontado pela polícia como o maior distribuidor de drogas da capital
e do interior, com especialidade em assalto a bancos e a carros fortes.
Zé de Lessa começou na vida do crime fazendo assalto a
instituições financeiras. Foi preso algumas vezes e a última vez que saiu da
prisão foi para terminar de cumprir a pena no regime domiciliar. Desde então,
foi morar na cidade de Coronel Sapucaia, no Mato Grosso do Sul, divisa com o
Paraguai, de onde começou a enviar carregamentos de drogas para abastecer sua
quadrilha na Bahia.Ele criou o BDM dentro da cadeia e logo sua facção passou a
ganhar destaque. Tornou-se o principal rival da facção Katiara, comandada por
Roceirinho, e passou a disputar pontos de droga com o rival. Ele tem entre seus
principias comparsas alguns parentes.
Morte de Marreno
O confronto que levou à morte de Marreno aconteceu após uma
abordagem realizada na Via Parafuso, na Linha Verde. Segundo a Polícia Civil,
Marreno tinha dois registros por tráfico de drogas, mas estava sendo investigado
por outras dezenas de crimes. Ainda conforme a polícia, ele tinha envolvimento com o
tráfico de drogas, sequestro, roubo a banco e era investigado por cerca de 20
homicídios. De acordo com o delegado Odair Carneiro, da Força-Tarefa da SSP que
investiga crimes contra policiais, "era um dos principais bandidos da
Bahia". Ele era da Boca do Rio. Liderava a quadrilha e atuava em Salvador.
Em janeiro de 2011, Marcelo foi preso com outras nove
pessoas suspeito de participar do assalto ao Banco do Brasil, ocorrido no
município de Iaçu, no Centro-Norte do estado, um dia antes da prisão. Durante a
ação, ele fez um delegado de refém e roubou sua arma. O grupo também colocou fogo em uma caminhonete na ponte que
dá acesso à cidade para atrasar os policiais e levou dois funcionários da
agência bancária como reféns. Antes de liberar as vítimas,na saída da cidade,
o grupo atirou em uma delas. Marcelo foi preso no dia seguinte, em Feira de Santana, com
R$ 6,9 mil em espécie e a pistola ponto 40 que havia sido roubada. Depois da
prisão dele, os policiais conseguiram identificar e prender todos os outros
envolvidos no assalto ao banco.( Correio24horas)