sexta-feira, 17 de abril de 2015

SÓ ESTE ANO, 71 ATAQUES A CAIXAS ELETRONICOS FORAM REGISTRADOS

Por Clóvis Gonçalves

Esclarece ainda a Febraban que, além dos investimentos ? cerca de R$ 9 bilhões anualmente -, ?os bancos adotaram ao longo de uma década uma série de medidas preventivas para contribuir com a redução dos assaltos.

Somente este ano, de janeiro até ontem (16), 71 caixas eletrônicos foram atacados na Bahia, de os dados do Sindicato dos Bancários do Estado da Bahia, em explosões, tentativas frustradas, oito arrombamentos e cinco assaltos. Na madrugada desta quinta-feira (16), bandidos fortemente armados explodiram e roubaram os dois bancos da cidade de Tanque Novo, no Sudoeste baiano. As agências do Banco do Brasil e do Bradesco, que ficam próximas, foram completamente explodidas.
Numa outra ação, os caixas de uma agência da Caixa Econômica Federal, localizada na Avenida Luiz Tarquínio, em Lauro de Freitas, também foram explodidos por ladrões que, segundo a Polícia formavam um grupo fortemente armados, que chegaram ao local por volta das 3h10, a bordo de dois veículos, sendo um, Corsa prata, placa não anotada.
Além da falta de segurança, que tem causado estresses e protestos dos funcionários dessas agências, nos municípios do interior do Estado, principalmente, onde  têm ocorrido os assaltos com destruição dos caixas eletrônicos e até mesmo agências bancárias, a população fica prejudicada por vários dias, com a falta de serviços bancários, tendo que se dirigiram a cidades muitas vezes distantes dezenas de quilômetros.
Bancários

“O que percebemos é que não há o menor interesse dos bancos em cuidar da segurança dos seus funcionários e tampouco do seus próprios clientes. Eles lucraram mais de R$ 70 bilhões em 2014 e não investem sequer na colocação de vigilantes à noite e nos fins de semana, o que já inibiria um pouco a ação dos bandidos”. A declaração, em tom de desabafo, foi feita ontem à Tribuna por Francisco André da Rocha Vieira, um dos diretores da Federação dos Bancários na Bahia.
Segundo ele, já foram realizadas diversas reuniões com os departamentos de segurança dos bancos, inclusive com a presença da Secretaria de Segurança Pública, mas não houve qualquer compromisso da parte dos bancos em investir na segurança.
Um dos resultados deste clima de insegurança, segundo afirma Francisco André, é um índice cada vez maior de doenças bio-psíquicas entre os bancários. O diretor da Federação dos Bancários afirma ainda que os bancos, “para se eximirem da sua responsabilidade, colocam a questão com se ela fosse meramente de segurança pública, e não é assim.”
69 ATAQUES

Até a última quarta-feira (15), de acordo com dados do Sindicato dos Bancários do Estado da Bahia, somente este ano ocorreram 69 ataques a bancos na Bahia, sendo 42 explosões, 14 tentativas frustradas, oito arrombamentos e cinco assaltos. A situação tem levado à desativação cada vez maior de caixas eletrônicos em postos de combustíveis e outros comércios.
O conhecido e “chique” Posto Namorado, na Pituba, por exemplo, retirou os três caixas que tinha, deixando seus clientes completamente frustrados pela falta dos equipamentos, que pertenciam a vários bancos. No posto BR do Barbalho, o caixa eletrônico do Bradesco foi retirado e permanece apenas um do Banco 24 Horas, mas que está “fora de serviço” há cerca de quatro meses, embora a gerência do local garanta que ele voltará a funcionar. A empresa responsável pelos caixas 24 Horas, a PecBan, ouvida pela Tribuna em sua sede, em São Paulo, preferiu “não se manifestar sobre o assunto.”
Quanto à Secretaria de Segurança Pública, a assessoria informou apenas que que foi criado recentemente o Draco - Departamento de Repressão ao Crime Organizado, englobando tráfico de drogas, assaltos a banco e crimes contra o erário. O Draco surgiu após a extinção do Garcif (Grupo Avançado de Repressão a Crimes Contra Instituições Financeiras), Denarc (Departamento de Narcóticos) e  Delegacia de Crimes contra Instituições Financeiras. Agora, esses setores funcionam como coordenadorias do Draco.
Febraban diz ter uma “extrema preocupação”
Consultada pela reportagem, a Febraban, através da sua sede em São Paulo, disse não ter dados sobre a desativação de caixas eletrônicos no País, e disse que a entidade e seus bancos associados “vêm acompanhando com extrema preocupação os ataques a caixas eletrônicos em todo o País. Os prejuízos decorrentes das explosões afetam a todos igualmente. A população que recorre aos 159 mil equipamentos para acessar os serviços financeiros, realizar pagamentos e ainda efetuar saques, tanto no horário do expediente bancário como além desse período até às 22h dentro das agências e 24h para os caixas instalados em locais de grande circulação. Afetam também as instituições financeiras que precisam reformar o local onde ocorreu a explosão, e repor os equipamentos danificados, sem reaproveitamento de peças ou maquinário.”
Esclarece ainda a Febraban que, além dos investimentos – cerca de R$ 9 bilhões anualmente - “os bancos adotaram ao longo de uma década uma série de medidas preventivas para contribuir com a redução dos assaltos. Instalaram cofres com dispositivo de tempo, circuitos fechados de televisão - CFTV, sistemas de detecção e de monitoramento, alarme etc. Os bancos também reduziram o volume de dinheiro disponível nas agências e incentivam a população a usar os canais eletrônicos para realizar operações bancárias.” De acordo com a federação, o resultado desses investimentos “tem se refletido na queda no número de assaltos. Em 2014, houve 395 assaltos a bancos em todo o País, ante 449 de 2013. Em 2000, foram 1.903 assaltos e tentativas de assaltos. “
Finalizando, a Febraban, diz que os dispositivos de segurança instalados nos terminais de autoatendimento como aqueles que danificam as cédulas, “se constituem em uma das frentes de combate aos ataques a caixas eletrônicos, mas são insuficientes para desestimular os ataques criminosos a caixas automáticos.
Os bancos investem constantemente em tecnologia e outras formas para aperfeiçoar seus mecanismos de segurança” e informa que mantém reuniões com órgãos das Polícias Civil, Militar e Federal e do Exército para a identificação e prisão dos arrombadores. “Somente com ações policiais coordenadas, esse tipo de crise poderá ser combatido. Os bancos contribuem com propostas de novos padrões de proteção, muitos deles resultantes dos trabalhos desenvolvidos na Comissão de Segurança Bancária da FEBRABAN, da qual participam representantes das principais instituições financeiras do País.
Por meio dessa comissão, que realiza intensos estudos e debates, várias iniciativas de caráter preventivo são e foram adotadas”, conclui.