Investigação aponta
pagamentos de obras da estatal à empresa GFD investimentos, utilizada
diretamente em investimentos privados de doleiro, tido como líder de esquema de
desvios.
As investigações da Operação Lava Jato apontam que vários
empreendimentos do doleiro Alberto Youssef foram erguidos com dinheiro fruto de
propina na Petrobras. Youssef é apontado como o líder de um esquema bilionário
de lavagem de dinheiro e atos de corrupção na Petrobras descoberto pela
Operação Lava Jato. O doleiro Alberto Youssef: empreendimentos bancados com dinheiro de
propina da estatal. Conforme as investigações da Força
Tarefa da “Operação Lava Jato”, um dos exemplos de como os empreendimentos de
Alberto Youssef foram erguidos com dinheiro desviado da estatal é a
formalização do contrato de U$$ 616 milhões para a construção do “Navio-sonda
Vitória 10000”, celebrado entre a Petrobras e a Samsung Heavy Industries Co.
Pelas informações do Ministério
Público Federal (MPF), esse contrato foi firmado após mediação de favorecimento
à Samsung feita pelo lobista Fernando Soares, o Fernando Baiano, e Júlio
Camargo, executivo da Toyo-Setal - integrante do pool de empresas envolvidas no
esquema de cartel da Petrobras -, além de Nestor Cerveró, então diretor da área
internacional da Petrobras. O negócio entre a Heavy Industries Co. e a
Petrobras, segundo o MPF, ocorreu por meio de autorização de Cerveró, mediante
pagamento de propina de U$$ 33 milhões.
O acerto entre Camargo e a Samsung é
que essa propina seria paga em quatro parcelas em contas indicadas pelo
executivo da Toyo Setal. Em seguida, esses recursos foram destinados a contas
de Cerveró e Fernando Baiano.
No entanto, no caso específico, a
Samsung não pagou a última parcela do acerto com Camargo, no valor de pouco mais
de U$$ 8 milhões. Assim, o executivo recorreu a Alberto Youssef para repassar a
propina a Cerveró e a Fernando Baiano. Como contrapartida pelo empréstimo,
Youssef determinou que Camargo efetuasse depósitos nas contas da GFD
Investimentos para “terminar os seus empreendimentos imobiliários”, conforme o
MPF.
Entre os empreendimentos imobiliários
que, de forma indireta, receberam recursos desviados de obras da Petrobras
estão o Hotel Romeiros, em Aparecida (SP); o Hotel Príncipe da Enseada, em
Porto Seguro (BA); e o Edifício Residencial Dona Lila, em Curitiba (PR). Com
essa estratégia, esses empreendimentos receberam R$ 11,7 milhões das empresas
de Júlio Camargo.
“Para fazer essas transferências à GFD, Júlio
Camargo simulou contratos de suas empresas Auguri Empreendimentos LTDA, Treviso
Empreendimentos LTDA e Piemonte Empreendimentos LTDA com a empresa GFD,
inclusive com a emissão simultânea de notas promissórias, tudo para que não
parecesse que ‘fosse algo simulado’”, descrevem os procuradores na denúncia
contra Cerveró, Youssef impetrada no início desta semana.
As investigações apontam transferências
das empresas controladas por Júlio Camargo à GFD Investimentos: a Piemonte,
transferiu valores da ordem de R$ 8,7 milhões; a Treviso efetuou repasses de no
valor de R$ 1,8 milhões; e a Auguri transferiu recursos da ordem de R$ 1,1
milhões. Todas as transferências foram fracionadas entre 25 de março de 2010 e
16 de fevereiro de 2011.
“Em conclusão, toda a propina solicitada e negociada, para viabilizar a
construção dos dois navios-sondas identificados, no valor total de US$
53.000.000,00, foi oferecida/prometida, recebida e paga por Júlio Camargo a
Fernando Soares por meio de contas offshores no exterior ou em nome de
terceiros, com base em contratos simulados e falsas justificativas de câmbio,
tudo com o fim de evitar a identificação dos envolvidos, a natureza espúria do
dinheiro e a sua atual localização, tornando seguro o produto do crime.
Ademais, as falsidades praticadas serviram ainda para conferir aparência de
legalidade aos investimentos feitos na GFD, empresa de Youssef”, afirmam os
procuradores na denúncia desta semana.(Agencia Senado)