Depoimento
do pastor Gerônimo ex-membro da quadrilha bebê abordo de Salvador
Por Clóvis Gonçalves Rádio Irará FM
29/10/2013
Gerônimo 40 anos, oriundo de Salvador, filho do Sr Paraíba (feirante da feira de São Joaquim) é pastor da Igreja Assembléia de Deus e único remanescente da quadrilha bebê abordo; no mundo do crime era conhecido pelo vulgo de Bruxo. A "bebê abordo" foi uma das maiores
quadrilhas formada por jovens e adolescentes dos anos 90. Na época aterrorizou
os bairros: da Liberdade onde eles tinham a sua base, da San Martin, Curuzú,
Pero Vaz e outros. Concedeu
uma entrevista ao repórter Clóvis Gonçalves da Rádio Irará FM, onde ele conta como
aconteceu a sua transformação e a saída do mundo do crime.
Foto: Clóvis Gonçalves |
Gerônimo diz que louva
a Deus pelo privilégio e pela oportunidade de falar para a Rádio Irará FM, para
anunciar o evangelho a todos que estão nos seus lares, no trabalho, na rua, etc.
Ele afirma que Jesus o
libertou das drogas: crak, cocaína, maconha, do mundo do crime e da
marginalidade. Diz que não queria ser crente, que zombava dos crentes e afirmava
que nunca seria crente porque isso era coisa de otário, “em pleno sol quente,
escaldante eles vestidos com paletó e gravata!”, mas Jesus o libertou e hoje
ele diz que o otário é ele que anda de paletó e gravata pregando o evangelho.
Os jovens vivem no
mundo da ilusão. Ele quando era jovem viveu também neste mundo feito de ilusão,
só andava todo registrado, vestido com roupas de grandes marcas: Ciclone, Lait bot,
Fico, Rang loose, Puma, Nike e tantas outras.
Aos 17 anos foi convidado
para fazer um assalto em uma casa comercial na Avenida San Martin em Salvador, na
perseguição policial eles conseguiram furar o cerco da polícia, mas depois
foram pegos por um grupo de extermínio aqui de Salvador, formado por Suzart,
Purano e Canhão. Os quatro jovens parceiros foram levados para o fundo do
mercado Super Box na Rótula do Abacaxi onde foram posto de joelhos; o grupo de
extermínio disse para eles começarem a rezar e começaram deflagrar os tiros
contra eles, três foram a óbito.
Ele foi socorrido para
o hospital Ernesto Simões no Largo do Pau Miúdo, onde acordou com as mãos e os
pés algemados pelos policiais Mouzat, Mão Branca, Brito e Popaye da 2ª Delegacia
no Bairro da Liberdade. Foi apresentado ao delegado Dr. Rui Paz e colocado dentro da cela
por dez dias. Foi liberado, mas cada vez mais se aprofundava no crime: assalto,
drogas, tráfico de drogas, estava cada vez mais envolvido com o crime, se envolveu com vários homossexuais. A casa
da sua mãe foi invadida pela polícia para lhe tirarem a vida.
A equipe do Dr. Amado
Bahia invadiu uma casa no bairro de Periperi, onde ocorreu uma chacina que
culminou com a morte dos seis parceiros que formava a quadrilha de assaltantes
de banco e carro forte, fui o único sobrevivente.
Foi convidado para
outra quadrilha sua base era liderada por Armandinho e Max, formada por nove integrantes moradores da Avenida Peixe na Liberdade todos foram mortos na invasão de Jaguaribe, pela equipe do delegado Jacinto Alberto, atualmente titular da delegacia do bairro da Itinga, em Lauro de Freitas.
Por fim a sua última
ação no crime seria com mais uma quadrilha que faria um assalto no Bairro da Calçada.
Ele conta que quando estava subindo o Plano Inclinado Liberdade/Calçada, escutou
a pregação de uma igreja. Ele entra para pedir a Deus para que no assalto desse tudo certo e que uma missionária, Maria Aguiar intuitivamente disse: aqui
entrou um rapaz com dois revolveres na cintura; naquela manha ele se converteu
e aceitou Jesus como o seu único Salvador. Segundo ele, mesmo no crime teve
várias chances dada por Jesus de continuar vivo. A verdadeira paz foi encontrada quando aceitou
Jesus com o seu único Salvador.